terça-feira, 22 de dezembro de 2009

LEI ROUANET

A fantástica árvore de Natal, do Bradesco, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, é objeto de incentivo cultural-fiscal pela Lei Rouanet.

O coral do HSBC, no Palácio Avenida, em Curitiba, também.

Outros bancos, também, promovem mega eventos de fim de ano, amparados na Lei Rouanet.

Vai chegar a hora em que a Liga das Escolas de Samba do Rio – LIESA, dos bicheiros do Rio de Janeiro, acabará reivindicando tais incentivos para o carnaval carioca, maior festa popular do mundo. A porta foi aberta com a autorização passada do Ministério da Cultura, para que a escola de samba Acadêmicos da Rocinha capture R$ 2 milhões através da Lei Rouanet.

O Governador moribundo de Brasília, José Roberto Arruda (ex-DEM), já iniciara tal processo de subsídios, destinando três milhões de reais à escola de samba Beija-Flor, palco dominado pelo capo Anísio Abraão, recentemente glorificado pelo Desembargador Alberto da Motta Moraes, ex-presidente do TER-RJ, o que até motivou sua não recondução ao cargo.

LULA x TEMER

Do alto dos seus 80% de aprovação popular, o Presidente Lula confirma a acusação do ex-presidente Itamar Franco: “Ele pensa que tudo pode!”.

Neste mês – sorte da proximidade do recesso do Congresso, até fevereiro – Lula resolveu intervir no PMDB. Mais que isso, resolveu desalojar seu bem avaliado presidente, Michel Temer, da confortável posição de iminente Vice da candidata do seu partido (PT), Dilma Rousseff, à presidência da República.

Lançada candidata, há mais de um ano, com o objetivo único de estancar as temerosas preocupações da oposição com eventual terceiro mandato, Lula foi, aos poucos, obrigado a assumir a irreversibilidade da candidata. Primeiro porque, mesmo para Lula, a tese de um terceiro mandato mostrou-se impopular. Além de receber a repulsa de toda a sociedade jurídica e da consciência política, ainda existente no País. Destaque-se – acima de tudo – o desastre praticado pelo ex-presidente deposto Manuel Zelaya, ao tentar um terceiro mandato, despertando a ira dos EUA.

O HOMEM: Lula, neste momento, não é mais, para os EUA, “o homem” apontado por Barak Obama, no primeiro semestre, a partir do momento em que recebeu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fazendo coro com ele em favor do domínio da tecnologia nuclear. Ainda conseguiu levar Obama à China, tentando a concordância do País na redução dos gases. Ouviu, surpreso, desabafo e advertência dura da Secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, a propósito da simpatia para com o Irã.

Lula foi, então, buscar satisfazer o Presidente do Banco Central (ex-Bank of Boston), Henrique Meirelles, para Vice de Dilma. Meirelles se recém filiara ao PMDB, no apagar das luzes do período, que o habilitasse a ser elegível! Mas, nunca teve condições de aspirar senão uma vaga ao Senado, ou mesmo, a incerta candidatura ao Governo do seu Estado (Goiás), o que o levaria, na verdade, a confronto com seu amigo, Marconi Perillo, candidato a retornar ao posto! E que o apresentou a Lula!

A REAÇÃO: o PMDB, naturalmente, reagiu à estocada de Lula, consolidada na revoltante proposta de que o partido apresentasse lista tríplice, com nomes do partido para serem submetidos à Dilma. A coisa ficou preta, quando vazou que, ainda por cima, a lista deveria incluir Meirelles. O que mereceu a indagação desafiadora do Deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ): - “Porque o PT não nos apresenta, também, lista com nomes de outros pré-candidatos, além da Dilma, para que escolhamos o candidato presidencial que apoiaremos?”. Faz sentido!

A verdade é que Lula não se deu conta, ainda, que o pragmatismo do PMDB vai-lhe cobrar caríssimo o apoio à sua candidata. Agora, até com bastante desconfiança. Há a ameaça, velada, do partido acabar engordando a candidatura do Governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ou mesmo tornar crível a candidatura presidencial do Governador do Paraná, Roberto Requião, até hoje vista com desdém. Mas que anima setores do partido, fanatizados pela candidatura própria. Que Requião empurra – até sem confiança – desde 1994.

E há, também, o exemplo preocupante dos 80% de aprovação da Presidente do Chile, Michelle Bachelet (Partido Socialista) não ter sido transferidos para o candidato Eduardo Frei Ruiz (Partido Democrata Cristão), seu aliado, na Frente Concertación – Socialistas e Democratas-Cristãos.

A SUPRESA: a popularidade de Lula, afinal, pode ser surpreendida pela derrota de sua candidata, como ocorreu no Chile! Por outro lado, a polarização entre a candidata de Lula e o candidato de FHC, desgastado e varrido da memória eleitoral do próprio PSDB, ainda pode prevalecer... Seguramente isso, afinal, só pode acontecer se Dilma Rousseff e sua campanha dispuserem do tempo de rádio e TV destinado ao PMDB pela campanha eleitoral...

É como este trunfo que conta Michel Temer, presidente e virtual candidato a Vice-Presidente pelo partido.

domingo, 26 de abril de 2009

A desglobalização

A crise financeira global está solapando o desenvolvimento das nações. Conseqüência da crise financeira dos Estados Unidos – de várias modalidades (bancária, econômica, fiscal, previdenciária e, claro, creditícia!) – que reflete a fragilidade do seu sistema financeiro, sobretudo no tocante à avaliação de risco das operações de financiamento praticadas.

Grandes conglomerados, que compõem tal sistema atuam em diversos mercados internacionais, captando recursos para atender às necessidades de financiamento público e privado – consumo e investimento. Essa a razão pela qual a crise financeira americana afetou o crescimento da economia mundial.

O termo “desglobalização” tornou-se conhecido como uma proposta do economista filipino WALDEN BELLO. Veterano crítico do capitalismo, Bello prega um retrocesso no processo de integração mundial, para reduzir a dependência exterior.

Mas o que parece ser uma estratégia para Bello pode estar sendo precipitada pela crise, alerta, desde janeiro, o Primeiro-Ministro inglês, Gordon Brown, anfitrião da reunião do G20, em Londres:

- “Pela primeira vez vemos fluxos internacionais de capital crescerem menos que os domésticos e os bancos favorecerem empréstimos nacionais, em vez de estrangeiros.”.

No Brasil, que recebeu US$ 48 bilhões em 2008, o Banco Central estima que o fluxo cairá para a metade. As maiores vítimas disto são os países mais pobres.

Os combustíveis da integração são o comércio e o financiamento”, disse à Folha de SP (29/03/09) DANIEL KABERUKA, presidente do Banco Africano de Desenvolvimento. Disse também:

- “Para os países ricos, a falta de acesso ao crédito significa perda de casas e empregos. Mas, na África são as vidas que estão em perigo.”.

O protecionismo é o grande fantasma de tudo isso! Brown, por exemplo, no exterior prega o livre comércio, mas defende “empregos britânicos para os britânicos”, quando está na Inglaterra.
Joseph Stiglitz – Prêmio Nobel de Economia de 2001 – defende um contrato social global, em que as nações desenvolvidas abririam seus mercados aos emergentes, em favor de um comércio com mais igualdade:

- “Se o ocidente aumentar o protecionismo, isso criará grande instabilidade e poderá reverter os avanços dos últimos anos. As reações serão inevitáveis. Com o aumento da pobreza, muitos governos terão argumentos bastante convincentes para resistir à globalização.”.

Stiglitz condena iniciativas como a cláusula “Buy American” dos EUA:

- “Pode não provocar efeitos concretos, mas tem enorme valor simbólico!”.

REFORMA DO CAPITALISMO

A globalização financeira deixou o mundo financeiro em sobressalto com a crise. Se o sistema financeiro internacional não for reconstruído com transparência, com padrões de governança e eficiência operacional, ficará injustamente desigual.

Há esperanças de que, afinal, o bom-senso prevaleça e uma reforma do capitalismo melhore-o, tornando-o co-responsável, compartilhado entre nações prósperas e emergentes, no qual cada sociedade será responsável pela sobrevivência econômica, prosperidade social e preservação ambiental das demais.”. (Ernesto Lozardo - Professor de Economia da EAESP – FGV)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Conspiração contra a poupança

Bancos e o próprio Banco Central falam em reduzir os rendimentos das cadernetas de poupança porque, segundo eles, há o risco dos especuladores tirarem o dinheiro dos títulos públicos, juntando-se aos pobres poupadores, que recebem, na poupança, metade do que recebem os especuladores de títulos.

Agora, até o Ministro Mantega e o Presidente Lula falam que é preciso mudar a poupança...
Ora, a caderneta de poupança, há décadas, é a única aplicação que a grande maioria (pobre) tem acesso no Brasil. Rende, apenas, a taxa referencial de juros (TR) que, desde o governo Collor, serve como (mau) índice de correção monetária da poupança e do FGTS – a, além disso, mais 0,5% ao mês de juros.

E, os depósitos nas cadernetas de poupança somam cerca de R$ 270 bilhões, enquanto os fundos de investimentos somam quase R$ 1,5 trilhão (que rendem a taxa do Banco Central - 0,95% ao mês), logo não há risco de fuga para a poupança, uma aplicação que tem prazo mínimo de um mês. Já o overnight “dos especuladores” oferece liquidez total (diária). Por isso, tem sustentado o caixa das empresas, cujo fluxo é de curto prazo. E a taxa básica dos juros (SELIC) é a remuneração mínima dos fundos, que investem, também, em títulos privados, não cabendo, pois, a comparação entre a remuneração da SELIC e a da poupança.

Aliás, porque não se desvincula a SELIC da dívida pública, como é feito no mundo inteiro? É regra geral que a taxa básica de juros de um País não pode remunerar título público!

DIFERENÇA DE RENDIMENTOS

Em 2008 a TR aplicada à poupança foi de, apenas, 1,68%, enquanto a inflação oficial, medida pelo IPCA, foi de 5,9%. Ou seja, a correção das cadernetas de poupança ficou 4,22 pontos abaixo da inflação. Os depósitos em cadernetas de poupança – apenas no último mês de março – já caíram R$ 884 milhões.

Enquanto isto, os títulos lastreados em títulos públicos ganharam R$ 9,49 bilhões neste ano. Considerando somente março, a engorda foi de R$ 4,61 bilhões. A gula dos bancos ainda chega à desfaçatez – apoiada pelo Banco Central – de propor a vinculação da caderneta de poupança a “uma parcela da taxa SELIC, exatamente no momento em que ela está caindo, e tende a cair ainda mais.

Há outra proposta – revestida do mesmo cinismo – agora com apoio oficial – que aplicaria mais um redutor à TR, o que, por sinal, afetaria, também, os depósitos do FGTS. Já de outras vezes, a justificativa foi a mesma: sem o confisco, os especuladores iriam “fugir” para a poupança!

O que, na verdade, está ocorrendo é uma conspiração dos bancos, que se querem apropriar de mais dinheiro da poupança. Querem pagar menos aos poupadores e diminuir a parte dos depósitos que é destinada à habitação, saneamento e infra-estrutura. Assim, poderiam utilizar este dinheiro para especular com títulos públicos, ou seja, sugar o dinheiro das receitas da União, que o povo paga em impostos, secando o Orçamento e impedindo investimentos sociais.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Reféns da crise

Não há dúvidas que, com a candidatura de Dilma (PT) aparentemente consolidada, uma candidatura do governador José Serra (PSDB) teria todas as condições de polarização com a ministra.
É possível que não houvesse chance para outra qualquer candidatura... Teríamos logo, de saída, uma antevisão do segundo turno da eleição de 2010?
Ninguém, ainda, pode acertar a hipótese!

Mas, preventivamente, qual metralhadora-giratória, o Deputado Federal Ciro Gomes (PSB-CE) se apressou em bombardear os dois pré-candidatos mais bem colocados ente o eleitorado: Serra e Dilma.

- “Dilma não tem programa!” – acuso Gomes.

Mas, o presidente Lula, por acaso, o tem? E, porque, até agora, o ex-ministro Ciro Gomes não tocou no tema? Porque apoiou o candidato, que o derrotou (em 2002), participou de seu governo (escapando de ser asfixiado, como Garotinho, outro candidato), apoiou sua reeleição, etc.

Agora, Ciro acabou descobrindo, tardiamente, que não era o candidato do governo à sucessão de 2010.

Pelo lado do governo, a opção está feita. Dilma é candidata! Esta sua maior vantagem: não tem mais contendores dentro do partido (PT). Lula os conteve! Agora, conta com o poder de cooptação do presidente: PT, PSB, PR, PTB, PP, PST e outros partidos menores. Seguramente, dar-lhe-ão apoio e tempo de TV no horário eleitoral...

Mas, e o PMDB? Ainda não é uma certeza, ao seu lado! O PMDB trabalha com as atenções voltadas para as conseqüências da crise, com referência à popularidade de Lula! Se Lula sobreviver à crise, é mais do que provável a chapa Dilma e Michel Temer. Senão, o mais provável será a chapa Serra (PSDB) e Jarbas Vasconcelos (PMDB). Mas, também não se pode descartar, nesta hipótese (do desgaste de Lula) a candidatura do governador de Minas Gerais, Aécio Neves pelo PMDB, com Ciro Gomes (PSB) de vice...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Ventos atuais da sucessão

Há, de novo, certo pavor inercial nos arraiais oposicionistas.

E se Lula conseguir se safar dos efeitos da crise?”. O presidente é reconhecido, por muitos, como “tefal”: nada cola nele!

E os resultados colhidos em Londres, na reunião do G20, levam ao exagerado pânico nas especulações. Barak Obama não escondeu seu entusiasmo por Lula: “Adoro esse homem! É o líder mais popular do mundo...”.

E se Lula emplaca Dilma? A ministra era, até o fim-do-ano passado, apenas uma zebra. Será que Lula transfere votos para ela? A dúvida parece esclarecida: transferi sim!

E o crescimento da candidata foi impressionante, a partir da pajelança com os prefeitos, no início de fevereiro. Desde então, a popularidade da ministra não para de crescer. Já não se tem quaisquer dúvidas de que ela dobrará o ano com os 20% previstos pelos seus mais afoitos entusiastas...

E o seu feito mais entusiasmante, para Lula, e preocupante para Serra, e outros pré-candidatos, como Ciro Gomes (sem partido para executar mais esta tentativa), foi se tornar palatável ao seu partido: o PT. Que já a aceitou, integralmente! Antes, ainda havia dúvida de alguns setores, tanto quanto de outros aspirantes: Dilma não é puro-sangue, teve origem política com Brizola, no PDT...

Esta dúvida se diluiu. E, a julgar pela observação do dia-a-dia, a ministra já se encontra a caminho do segundo turno. Contra quem? O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), é, até agora, o adversário mais visível! Mas sabe que não pode perder outra eleição presidencial (como a de 2002), ficaria fora do páreo. Não teria mais tempo para recomeçar, como o fez em 2004, conquistando a prefeitura paulistana – que já tentara, sem sucesso, em 1988 e 1996!

É fato que, se Dilma disparar, será uma imprudência Serra apressar seus passos... Afinal, tem direito à reeleição, em SP. Abriria mão de vez para o correligionário Aécio Neves, o governador de Minas e mais popular do Brasil, que já cumpre seu segundo mandato? É a dúvida que só se dissipará no início do próximo ano!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Justiça ou vingança

- “Quero justiça.”.

Esta afirmação – feita, em geral, por quem sobrevive à perda de parente ou ser querido – encerra certa hipocrisia. Nestes momentos de até desespero, o que as pessoas estão dizendo, na realidade, é: “quero vingança!”. Só que institucional! Os declarantes não manifestam o desejo de realizar a vingança, de praticar o “olho por olho, dente por dente!”. Mas, querem que o Estado, através do Poder Judiciário, realize àquela sua intenção...

É de se esperar, entretanto, que juízes não pensem assim.

A prisão da socialité Eliana Piva Tranchesi é exemplo, condenável, deste quadro infeliz... Condenada a 94 anos (incumpríveis, além do mais!) foi presa, em casa, às seis horas da manhã, quando a sentença não havia nem transitada em julgado (cabia recurso). Mais: a matéria se encontra em discussão, com a empresária pagando, parceladamente, a multa arbitrada (ainda que discutida!).

Pior: Eliana se trata, desde 2006, de um câncer de pulmão. Em janeiro último uma surpresa: graças ao rigoroso tratamento, o câncer de pulmão está inativo, mas há metástase ativa na coluna lombossacral. O tumor é dos mais agressivos, ela terá que fazer quimioterapia a cada três semanas, por tempo indeterminado... (Revista Veja – no 2106 – 01/04/09)

Ao comentar a sentença, o Procurador da República, Matheus Baraldi Magnani, comemorou o fato de que, finalmente, a justiça estava atingindo o que ele chamou de fidalgos (!).”. (Revista Veja, mesma edição)

Por ai vê-se que Eliana acabou presa por que é rica (dona de um dos templos de consumo paulista – a DASLU). Ora, ser rico não é crime! E, sobretudo, juízes não podem extravasar qualquer tipo de vingança, ainda que sob o invólucro de uma sentença!
Não é porque uma pessoa é rica que, necessariamente, deva ser punida diferencialmente de outras...

E esse apressamento em fazer justiça, a qualquer preço, com a Polícia Federal, sob forte e privilegiada cobertura midiática (show da Rede Globo), só evidencia o exagero do Estado Policial especuloso, que se instalou no País. Onde até a ABIN, Agência de Informações, absorveu e atua dentro das exclusivas atribuições da polícia judiciária!

terça-feira, 31 de março de 2009

Medidas nem tão provisórias..., definitivas...

A contradição maior da Constituição Brasileira de 1988, moldada - na parte mais significativa do seu conteúdo – para funcionar num regime parlamentarista, era a definitibilidade (!) das medidas provisórias. Nem sua origem, no Direito Italiano, acentuava princípio dominante no processo legislativo brasileiro, que as tornava, na realidade, medidas definitivas!

Além do trancamento da pauta de votações, o entupimento congressual que a volumosa remessa de tais Medidas promovia, liquidava o Poder Legislativo, que ainda nem recuperou os poderes do orçamento impositivo, fundamental característica de sua autonomia e importância. O orçamento, ainda, é meramente autorizativo... O governo o cumpre se quiser!

Ora, o presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer (PMDB-SP), reconhecido constitucionalista, se opôs ao trancamento desta pauta, interpretando que o artigo 62 da Constituição prevê que MP’s só podem ser editadas sobre assuntos cobertos por leis ordinárias e que, por este motivo, proposta de Emenda à Constituição (PEC’s), projetos de Lei Complementar, Resoluções e decretos legislativos podem ser votados mesmo que a pauta esteja trancada.

E o Ministro Celso Mello, do STF, acompanhou tal entendimento... negando pedido do DEM, do PPS e do PSDB para suspender a decisão de Michel Temer.

Quem ganha com a crise...

... no caso de descoberta de algum vazamento, tem-se que providenciar seu estancamento para, então, depois se encher a caixa d’água...”.

Metáfora mais inteligível o Presidente Lula não poderia encontrar para dar seu recado aos geradores da crise internacional, da qual os países emergentes, como o Brasil, sofrem as conseqüências. Aproveitou sua presença em Viña del Mar, Chile, onde ocorria a Cúpula de Lideres Progressistas, ao lado do premier britânico Gordon Brow, do Vice-Presidente dos EUA, Joe Biden, do chefe do governo espanhol, José Luís Sapatero, da Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e do Presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez.

Enquanto isso, suas declarações da semana passada, que ganharam acústica na imprensa internacional, destacando-se jornais como os ingleses The Times e Financial Times, - “... a crise foi causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que, antes de tudo e agora, demonstra não saber de nada...” - causavam frisson, no Brasil.

Como o Presidente Lula utilizou metáforas – e “metáforas não se explicam, são óbvias e cada um tem sua versão” (“seu entendimento”, aperfeiçoaríamos) explicou, também em Viña del Mar, o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia – permitiu as mais desbaratadas especulações dos mais infelizes críticos, ávidos em buscar brechas para exercer a crítica. Crítica não convincente... diga-se de passagem!

Evidentemente que a declaração de Lula “não teve qualquer conotação racista...”. Foi uma crítica aos autores e, ao mesmo tempo, beneficiários da crise...

Foram os banqueiros (e especuladores) que desmoralizaram e implodiram o mercado de crédito nos EUA!

A partir do Governo Ronald Reagan (1981–1989), os EUA optaram pela desregulamentação e da liberdade para o mercado. Nos últimos anos (governo Bush), isso se ampliou, sob a direção do então Presidente do FED (o banco central norte-americano), Alan Greenspan.

OBAMA E OS BANCOS: LÁ!

Agora, o Presidente Obama tem reiterado a intenção de seu governo em aumentar a regulamentação e supervisão sobre o mercado financeiro.

Reparem que, hoje, no Brasil, que defende o contrário – a descontrolada ação libertária do nosso Banco Central do Brasil – é o governador de São Paulo, e pré-candidato do PSDB à Presidência da República brasileira, José Serra. É quase sua total privatização!

Após o desastre que se seguiu à quebra do banco Lehman Brothers, em setembro, e aos resultados do último trimestre de 2008 (que levaram à intervenção estatal), os bancos norte-americanos teriam voltado a sofrer grandes perdas no último mês. “Março foi um mês muito duro...”, afirmou, após o encontro com Obama, faz poucos dias, o presidente do JP Morgan, Chase, Ken Lewis.

Obama reiterou a intenção de seu governo de aumentar a regulamentação e a supervisão sobre o mercado financeiro.

Hoje, os bancos norte-americanos são acompanhados de perto pela FDIC, agência federal que garante os depósitos bancários. Mas há muitos produtos oferecidos pelos bancos e por braços financeiros de empresas, nos últimos anos, que escapam dessa fiscalização. Também estão fora do radar da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA). Obama quer mudar isso, através de nova legislação federal.

Até o ex-presidente do FED, Alan Greenspan, admite que “um novo sistema e controle tornou-se necessário, porque algumas instituições se tornaram grandes demais para quebrar, o que levanta preocupações sobre riscos sistêmicos (quando um fato isolado compromete todo o resto)...”, opinou.

Como observou Fernando Canzian, correspondente da Folha SP, “o ex-presidente do FED agora defende (coisa que não fez no passado) que os grandes bancos acumulem mais garantias reais, do que o fazem hoje para garantir suas operações. Na prática, isso tende a diminuir o poder de “alavancagem” (empréstimos sem garantias reais), que os bancos têm hoje.”.

A CRISE E OS BANCOS

A coisa mais estranha das reações à “crise”, encomendada pelos bancos e pelo grande empresariado – sobretudo transnacionais – que estimulou demissões em massa, redução das linhas de crédito, promovendo falta de confiança do próprio consumidor, é a chantagem a que é submetido o governo.

Depois de liberar parte do dinheiro retido (compulsório) como garantia operacional dos ativos bancários, o Banco Central, em nome do governo federal, para que os grandes bancos comprassem títulos e carteiras de créditos de instituições de menor porte, agora, oferece cerca de R$ 40 bilhões aos bancos, para que emprestem a seus clientes, pagando os bancos taxas menores que as praticadas, atualmente, pelo mercado financeiro.

- “Temos uma oferta de crédito maior. Esses bancos (de menor porte) vão captar a taxas mais baixas. Vão poder cobrar taxas mis baixas dos tomadores de empréstimos...”, explicou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Ora, por que o governo brasileiro precisa de intermediário? Por que oferecer estímulos financeiros a bancos, ainda que pequenos? Por que não emprestar, ele mesmo, diretamente, através de seus bancos oficiais? Que, por sinal, tem operado nas mesmas taxas escorchantes (em alguns casos, como do Banco do Brasil, com taxas maiores do que a média do mercado) da rede bancária privada...

TAXA DE JUROS

Mais de um trilhão de reais de dívida interna.

Taxas de juros fixada pelo COPOM a pagamento de juros de 11,25%.

É algo surpreendente – por que não dizer revoltante?

O fato suicida de o próprio governo fixar a extorsão de que é vítima! E ter impedido o cumprimento do preceito constitucional, através do qual fixava os juros anuais em 12%. Paradoxalmente, foi o saudoso Senador Jeferson Peres (PDT-AM) que liquidou formalmente com o artigo (das Disposições Transitórias), inserido pelo Deputado-Constituinte Fernando Gasparian (PMDB-SP).

E o fez, sob o argumento, pífio, de que “juros não podem ser fixados em lei. São frutos da demanda!”. O Senador manteve trajetória de retidão, no exercício do mandato senatorial (embora iniciado no partido de sustentação do neoliberalismo – o PSDB). Mudou para o PDT, no qual conquistou um segundo mandato, más parece que nunca tomou conhecimento de que, no Brasil, os juros são fixados pelo COPOM, organismo misto semi-privado, que dita normas ao Banco Central. Por coincidência, foi outro Senador, também, depois filiado ao PDT (antes era do PT), Cristovão Buarque, que perdeu à reeleição para o governo de Brasília (1998), defendendo a manutenção da equipe econômica e do então Ministro da Fazenda, Pedro Malan (agora UNIBANCO).

SPREAD

Além disso, o problema de crédito no Brasil não é a alta taxa de juros básica (SELIC), mas o “spread” bancário. E o spread se deslocou da SELIC. O spread (diferença entre a taxa que os bancos pagam pelo dinheiro que captam e a taxa pela qual emprestam esse mesmo dinheiro) é alto no Brasil, porque a SELIC é alta. E porque os bancos não precisam emprestar a pessoas e empresas para lucrar, basta que comprem títulos públicos indexados pelos juros estabelecidos pelo Banco Central.

SUPERAVIT PRIMÁRIO...

E chegou a hora, também, de se acabar com a contrafação que é o tal superávit primário! Ora, superávit tem que ser superávit, puro e simples! Para aumentar o superávit, até atrasar o pagamento de dívidas acontece. Aviltá-lo, como mero instrumento garantidor do pagamento dos juros, é acabar impedindo racionalidade na produtividade e rentabilidade...

domingo, 29 de março de 2009

New Deal

Copiando às ações do Presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt, que apostou no adensamento dos investimentos e em iniciativas destinadas a absorver o máximo de mão-de-obra (mesmo sem qualificação), LULA incentivou à construção civil, através de um novo Plano Nacional de Habitação. Ora, é sabido que o setor da construção civil é o que consegue absorver os maiores contingentes de mão-de-obra não qualificada (serventes, pedreiros, etc.).

E entregou toda a execução do Plano à “mãe do PAC”, a Ministra Dilma Rousseff... Vai ser a maior campanha de promoção da sua candidata! Tudo bem! Mas, afinal, que não fique só nisso!

ADENAVER e EHRARD

Nem Lula, nem Dilma, entretanto, têm conhecimento do plano habitacional do pós-guerra, posto em prática na Alemanha Federal, depois de 1945, pelo Chanceler Konrad Adenaver – pai do “milagre alemão” - e seu Ministro da Economia, e depois sucessor, Ludwig Ehrard.

E o fez de forma simples: emitindo moeda!

Ehrard mandou levantar a soma de recursos necessários à implantação do magnífico plano habitacional, por eles sonhado. A Alemanha era autossuficiente na produção dos insumos necessários à construção civil. Bastava haver moeda, numerário suficiente para sua aquisição! Somaram-se tais custos, dos insumos (areia, cimento, pedra, vergalhões, etc.) aos da mão-de-obra. E, então, foi emitida moeda correspondente à quitação destes custos! Exclusivamente!

Com as habitações prontas e entregues, à medida que eram quitadas, a soma das prestações recolhidas era incinerada (retirada, pois, do meio-circulante), até totalizar, integralmente, a sobrequantia emitida. Resultado: não houve aumento da inflação... Porque moeda é instrumento de confiança! O prestígio e a fé populares em Adenaver garantiram a operação!

Lula poderia fazer o mesmo, transformando Dilma Roussef numa espécie de Ludwig Ehrard, contemporâneo... Sua credibilidade propicia, ainda, ações de maior alcance... Como, por exemplo, a quitação da dívida interna (com os bancos), avaliada, hoje, em mais de um trilhão de reais!
Afinal, por que não emitir esse mais de um trilhão de reais, quitar a dívida com os bancos, entupí-los de moeda – e liquidez – obrigando-os a baixarem os escorchantes juros, que desmoralizam quaisquer governos?

Aliás, conjunturalmente, a emissão de grande quantidade de moeda – além de tudo – passa a ser eminentemente virtual! Mesmo grande quantidade de entrada de moeda limita-se, na realidade, a meros registros de dados, rubricas em computadores dos órgãos fiscalizadores, como o Banco Central. Logo, nem há perspectiva de aumento da inflação, que passaria ser virtual também!

Não haveria, em verdade, aumento de moeda circulante!

sábado, 28 de março de 2009

A crise

Mas, afinal, a crise chegou ou não ao Brasil?

Claro que chegou – sobretudo na cabeça das pessoas – alavancada pela quase unanimidade da opinião midiática, pelos telejornais das emissoras da Rede lobo de Televisão.

É uma crise do capital especulativo, nos grandes centros, sobretudo dos EUA e da União Européia. Aqui, chega-nos como novo saque do capital banqueiro, através de suas instituições, que desempregam, cada vez mais, tanto quanto cobram mais dinheiro do governo para que “eles” concedam mais empréstimos... Empréstimo, no Brasil, é quase dádiva!

Não falam mais, nem se lembram, de que eram os grandes críticos do déficit público, condenando investimentos, tanto quanto “transferências” (na realidade “aumento”) de renda para as classes menos favorecidas... E, por conseguinte, opositores dos programas sociais!

Mas, continuam resistindo à queda dos juros, promovida em doses homeopáticas, enquanto continuamos sujeitos às contrafações, como esse tal de “superávit primário”. No fundo, ele existe para camuflar e despistar sobre os detalhes constitutivos e manutendores dessa imoral dívida interna, que já ultrapassa um trilhão de reais. É, sobretudo, através dela que se esbalda o capital argentário, improdutivo (porque meramente especulativo) e selvagem, que gigola a vida econômico-financeira de um País, que não consegue se livrar de amarras a este argentarismo antinacional.

Exportações

No passado, aquela política do “exportar é a solução”, do Ministro Delfim Neto, objetivava dar garantias de pagamentos aos nossos emprestadores.

O Brasil necessitava de divisas, a qualquer custo! Importava até o supérfluo, com exagero! Além disso, valores de empréstimos eram aumentados, em demasia, para o fechamento de contas... As exportações serviam, ainda, para caucionar a dívida externa, além de viabilizar a grande remessa de lucros das empresas transacionais, incontroláveis. E, também, a grande exportação de capitais, através de contas CC-5, como no escândalo do BANESTADO, no exterior (USA, Cayman, etc.).

“MAMATAS” e “NEGOCIATAS”

Façamos uma abordagem das exportações nas Eras Delfim Neto e FHC.

O exportador tinha direito à antecipação, em dinheiro, do valor da exportação, com um ano para prestar contas. A maioria retirava o dinheiro e o aplicava no mercado financeiro a quase 20% ao mês. E se endividava apenas a 7% ao ano... E só promovia a exportação na reta final, às vésperas do vencimento do prazo de pagamento da antecipação.

Outra coisa: através de operação triangular, subfaturava o valor da exportação. Vendia para uma Trade cúmplice no exterior, a preço aviltado, e ela revendia os produtos ao preço de mercado, retendo a diferença.

Na Argentina igual política foi levada a efeito pelo ex-Presidente Carlos Sul Menen. A situação complicou-se, agora, quando o casal Kirchner, através da Presidente Cristina, achou que era momento de taxar a exportação dos produtos agrícolas, única riqueza internacional de um País saqueado nas últimas décadas pelo imperialismo transnacional do capital avarento e parasitário. E com brutal déficit energético.

No Brasil de FHC os banqueiros (setor mais poderoso de nossa burguesia) atiraram-se com gulodice às novas oportunidades dos bons negócios, que a Era FHC proporcionava. Juros altos, PROER, liberação das tarifas, privatizações, incorporações e fusões, falências, financiamentos de importações... Era a festa!

Uma festa que levou à euforia de alguns setores, que sonharam a formação de imaginado e poderoso capital nacional, como aconteceu em economias do primeiro mundo. Os cinco maiores bancos brasileiros, aproveitando a asfixia da burguesia industrial, comercial e agrária, aumentaram seus investimentos (e controle) em empresas de fora do mercado financeiro, em mais de 60%. Com a privatização-doação de estatais, a preços aviltados, depois, então, fizeram a festa: desfizeram-se de algumas, obtendo lucros fabulosos, imensuráveis...

Este capital financeiro, ao especular nas bolsas de mercadorias (commodities), inflou o preço dos alimentos. Veio a crise, sobretudo especulativa. Antigos produtores rurais vivem, agora, em habitações precárias, de baixa renda, sem se beneficiarem da venda destas commodities agrícolas e, paradoxalmente, ao comprá-las para seu consumo. Acontece que o Governo não intervém, efetivamente, para colocar justiça e ordem nestas questões. Não há tabelamento de preços, como havia até 1964, Conselho Interministerial de Preços (o CIP e a SUNAB – Superintendência Nacional de Abastecimento – foram extintos, quando deveriam ser mantido, ainda que higienizados dos seus vícios.

domingo, 22 de março de 2009

Mulher de César

- “Não bastava à mulher de César ser honesta, era necessário prová-lo!

Com estas palavras, o Deputado Federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) – nome mais destacado da bancada fluminense, possível candidato ao Senado em 2010 – reagiu ao noticiário sobre a participação do escritório de advocacia, do qual faz parte a Primeira Dama Fluminense, Adriana Anselmo, em ações e combinações entre clientes e o Estado do Rio, desde a posse do seu marido, Sérgio Cabral, no Governo do Estado (2007).

A imprensa foi quase unânime em condenar o que considerou favorecimento e tráfico de influência... E não faltou estardalhaço!

Reconhecemos que não é compreensível tal situação, tendo em vista à total incompatibilidade entre a situação de mulher do Governador e o relacionamento contratual com fornecedores do Governo do Estado.

Na semana passada, o Governador Sérgio Cabral foi vitima de estrepitosa vaia, que atribuiu à orquestração do Prefeito Lindberg Farias (PT de Nova Iguaçu), em Cabo Frio, ao dividir o palanque com o Presidente Lula...

Apuradas as coisas, Cabral foi é censurado pela imensa comunidade campista (de Campos dos Goytacazes, RJ – terra do casal de ex-Governadores Rosinha e Anthony Garotinho), que migrou para a cidade, revoltada com o apoio dado por Cabral ao candidato (agora cassado pela Justiça Eleitoral) do PSDB, Marquinhos Mendes. Cabral pertenceu ao PSDB até 1998!

TSE pede 250 para novas urnas


O Presidente do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Carlos Ayres Britto, pediu ao Presidente Luís Inácio Lula da Silva R$ 250 milhões, para modificar a urna eletrônica para as eleições de 2010.

A Justiça Eleitoral quer implantar o cadastro biométrico dos eleitores para as eleições de 2010.

- “O cadastro biométrico significa mais um passo em direção ao aperfeiçoamento do processo eleitoral, evitando fraudes. Para isso, precisamos fabricar 100 mil urnas eletrônicas biométricas já agora em 2009...”.

Há natural encantamento - até justo – da magistratura com os avanços tecnológicos na apuração das eleições. Suplanta as preocupações com a lisura dos pleitos e verdade dos resultados.

Há um justo orgulho com a velocidade na apuração das eleições, da qual o Brasil se transformou em vanguarda.”, não se cansam de propagar todas as autoridades eleitorais.

Mas, e o capítulo segurança das urnas?

O Senador Roberto Requião (PMDB-PR) aprovou, há cerca de dez anos, a inclusão de aparelho de impressão do voto anexado à urna. Seria o garantidor da prova dos votos, propiciando o direito à recontagem, previsto no Código Eleitoral, mas, impossível a partir da instalação da chamada urna eletrônica rejeitas por 181 países.
O dispositivo de impressão virou lei, que deveria ser cumprida a partir de 2006. Em 2002 foi experimentado em Brasília... com sucesso!

Nas eleições de 2006 diversas fraudes nas urnas eletrônicas e, conseqüentemente, em vários pleitos, em todo o País, mereceram criticas do até então Presidente do TSE, Ministro Marco Aurélio.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Quem com Serra fere, com Serra será ferido

Já não convence a tese de que o Governador de São Paulo, José Serra (PSDB), seria o grande pré-vitorioso às eleições presidenciais de 2010! Na verdade a pré-campanha de Serra – aparentemente hegemônica, ante a impossibilidade do Presidente Lula disputar um terceiro mandato – começou a fazer água por todos os lados, quando num lance arrojado, cooptou o ex-Governador Geraldo Alckmin (PSDB), tido, até então, como simpatizante da candidatura do Governador mineiro Aécio Neves (PSDB).

Aécio sentiu a estocada, devolvendo-lhe o tranco, com a defesa das “prévias” no partido, acabando com a destinação monocrática (de FHC, sobretudo!) da escolha de outro candidato de São Paulo à Presidência da República pelo o partido. A verdade é que, desde Mário Covas (1989), Serra (2002), Alckmin (2006) – passando por FHC (único eleito – 2004 - e depois reeleito em 1998), o partido passou a ser mero apêndice da política do poder paulista, que os diretórios estaduais do País inteiro, e seus eleitos, não suportam mais. O Senador tucano cearense, Tasso Jereissati (PSDB), já viu seu grande aliado, Ciro Gomes, deixar o partido por isso.

O PSDB de Minas, ante a ruína de Eduardo Azeredo (que não conseguiu a reeleição em 1998, derrotado pelo ex-Presidente Itamar Franco), envolvido nas origens do “mensalão” (com seu Vice, Mares Guia, Valério, Bancos Rural e BMG, etc.) recuperou-se nos dois mandatos de Aécio Neves.

O PSDB do Rio de Janeiro, falido na ruína de Marcelo Alencar e com a saída de Sérgio Cabral (para o PMDB), foi obrigado a recorrer aos préstimos do Partido Verde, com o Deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) para fixar seu pé na capital. Embora, ainda verde, Gabeira chega a ser apontado como possível candidato até à Presidência da República (como Barak Obama tupiniquim), por quem não aceita o racha (nem a polarização bipolar) entre Aécio-Serra...

SUL, NÃO TÃO MARAVILHA

Com a provável liquidação eleitoral da Governadora gaúcha, Yeda Crusius, as ameaças que pairam sobre o mandato do Governador catarinense, Luís Henrique (PMDB), que já se indispôs com Serra (2002), pulando no palanque de Lula e salvando a sua eleição, e com o inegável “racha” entre o Prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB) e o Senador Álvaro Dias (PSDB), influente preferência do Diretório Nacional do partido, o pré-candidato presidencial do PSDB não pode, a rigor, contra com a tradicional preferência do eleitorado dos Estados do Sul.

No Rio Grande o Senador Pedro Simon (candidato ao Governo?), o Prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o ex-Governador Germano Rigotto, são nomes do PMDB muito mais fortes do que Yeda Crusius... no caso de tentativa de reeleição.

Resta, apenas, saber como marcharão o PSOL, de Luciana Genro, o PCdoB, de Manuela D’Avila, e o PT, do Ministro Tarso Genro, que não esquece a derrota de 2006. Aliás, é voz corrente que, no afã de tirar Tarso Genro do segundo turno (2006), o PMDB, de Germano Rigotto, engordou os votos de Yeda Crusius (PSDB), não mais conseguindo-os retirar... A manobra acabou prejudicando-o! O tiro saiu pela culatra!

Nos EUA, nas eleições do ano passado, Bush Filho e a CIA potencializaram o desconhecido Barak Obama, para estraçalhar a, até então, hegemônica Hillary Clinton, e, também, depois, perderam o controle do pleito. Milhares de pequenas contribuições incontroláveis (via internet, inclusive) chegaram às contas da campanha de Obama, num resultado semelhante ao que ocorreu no Brasil, em 1960, quando o Movimento Popular Jânio Quadros multiplicou garrafões de vidro (transparentes) por praças e logradouros de todo o País, na continuidade da campanha do “Tostão contra o milhão!”.

Era convincente todas aquelas notas (cruzeiros) de pequena monta, vistas pela multidão nos garrafões de vidro pro todo o Brasil...

Clodovil e Maluf

O Deputado Clodovil Hernandez (PR-SP), falecido esta semana, estava na tribuna da Câmara, sem que qualquer dos seus colegas prestasse a mínima atenção no seu discurso:

- “Não sei o que é decoro parlamentar, antes essa conversação toda, e falta de atenção com um colega...

Foi o bastante para que o Deputado Paulo Mauf (PP-SP) fosse à tribuna congratular-se com o orador...

Ao que Clodovil retribuiu:

- “Agradeço ao Deputado Paulo Maluf, mas quero ressaltar que cheguei à esta Casa fruto do meu esforço, sem me envolver em qualquer escândalo na vida pública...”.

O constrangimento não foi apenas de Maluf...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Aeroportos – RIO x SP

Um dos fatores do esvaziamento do receptivo turístico do Rio de Janeiro – ainda o polo maior de ingresso de turistas no País – foi a liquidação da transportadora aérea VARIG.

Basicamente, o fenômeno turístico tem três componentes vitais: agentes de viagens, setor de hospedagem (que, também, compreende alimentação e entretenimento) e transportadoras.
O duopólio GOL/TAM (gerado pelo fim de concorrentes do mesmo porte, como Transbrasil e VASP) acabou transformando os aeroportos de SP (mormente Congonhas) em distribuidores de vôo (hub). Vôos de todos os pontos do País, principalmente vindos de capitais, foram transformados em alimentadores da ponte-aérea Rio-SP (no sentido contrário). Chegava-se ao absurdo de sobrevoar o Rio de Janeiro – em vôos do norte, nordeste Minas Gerais e Espírito Santo – mas desembarcar na capital de São Paulo.

Com o aumento dos chamados vôos charter para o nordeste (sobretudo, para Fortaleza, Recife e Salvador), e o desembarque das conexões serem intermediadas pela ida para São Paulo, o Rio foi tendo esvaziada a sua posição de “portão de ingresso de estrangeiros” no País, incólume, apenas, durante o período de carnaval. O que foi provocando o cancelamento de diversas linhas internacionais.

Em 2005, o antigo Departamento de Aeronáutica Civil – DAC houve por bem limitar o Aeroporto Santos Dumont à ponte-aérea Rio-SP e vôos regionais.

Como acentuou o Senador fluminense Regis Fichtner (PMDB/RJ), atual Chefe da Casa Civil do Governo do Rio, em artigo publicado no O Globo, em 14/03/09:

- “Dezenas de vôos semanais para os principais destinos foram transferidos para o Galeão, que renasceu. (e vice-versa. Nota do blog). Milhares de passageiros voltaram a freqüentá-lo. O comércio floresceu, mas suas mazelas vieram à tona. E surgiu o debate sobre a necessidade de sua reforma e até da mudança na forma de exploração. O Rio, porém, reconquistara muitos vôos internacionais diretos. Hoje se voa do Galeão direto para Paris, Londres, Lisboa e Madrid, e há boas chances de haver vôos diretos para Roma e Frankfurt.

Neste momento, a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, sucessora do DAC, quer voar para trás e abrir o Santos Dumont para qualquer destino. A ANAC abdica de seu papel central de reguladora do transporte aéreo, permitindo que as companhias escolham livremente as rotas que querem operar.”.

O Senador licenciado Regis Fichtner destaca, ainda, que:

- “no Rio, ao contrário de S. Paulo, Nova Iorque, Paris e outras grandes cidades, não há passageiros em número suficiente para que os dois aeroportos possam formar hubs.

O celular de Tião

O Senador José Sarney (PMDB-AP) não consegue dissimular o riso. Bombardeado por uma sucessão de escândalos no Senado, descobriu, com certa satisfação, que seu rival, Senador Tião Viana (PT-AC) entregou um de seus (dois) celulares funcionais à sua filha, que com ele viajou para o México.

Tião Viana garantiu que sua filha não efetuou chamadas... Mas, em seguida, incoerentemente, declarou:

- “Eu emprestei por questões de segurança! Para poder falar com ela! Mas assumo a inteira responsabilidade; vou pagar! “.

NOCAUTE NA OPOSIÇÃO

O fato teria importância reduzida não tivesse Tião Viana disputado a candidatura à presidência do Senado – há menos de dois meses - pela oposição (PT-PSDB, sic), como paradigma de mudanças moralizantes na Câmara Alta...

Senadores que se opuseram à escolha de Sarney acabaram pondo a “viola no saco”, recusando-se a comentar o episódio...

Mas Tião Viana foi à tribuna:

- “Quando se imagina que a Casa está preparada para um debate altivo sobre o que se passa aqui, meia-dúzia de fofoqueiros prefere fazer insinuações de corredores sobre minha dignidade...”.

Acontece que, até este episódio, o Senador petista, inconformado com a derrota para Sarney, era acusado de fornecer informações para a imprensa sobre a administração do Senado.

Collor e Jânio

Conta o ex-Deputado Federal Paes de Andrade – presidente de honra do PMDB – que estava em Roma, para o lançamento do seu clássico sobre as Constituintes Brasileiras, e acabou convidado pelo Embaixador do Brasil na Itália, Alves de Souza, para um almoço com o ex-Presidente Jânio Quadros, no célebre Palácio Dora Panphili, sede da Embaixada brasileira em Roma.

Em meio ao almoço, chega o Presidente Fernando Collor, que saúda Jânio Quadros:

- “Meu Presidente!”.

- “Presidente é o senhor, aliás, um muito jovem Presidente...”, respondeu Jânio.

- “Tenho a mesma idade com que o senhor assumiu à Presidência da República: 46 anos!”, respondeu Collor.

- “Pois é, meu filho: e deu no que deu!”, arrematou Jânio.

Fora uma autocrítica ou premonição de Jânio?

Sérgio x Garotinho

Dois dias no Rio de Janeiro, para iniciar as comemorações pelo aniversário (10/03) e que prosseguiram em SP (16/03) e Brasília (17/03), serviram para que o ex-Ministro e Deputado José Dirceu pacificasse o clima beligerante entre o Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o Prefeito de Nova Iguassu, Lindberg Farias (PT).

Na terça-feira, dia 10/03, Cabral, no palanque do Presidente Lula em Cabo Frio, culpou e criticou, ali mesmo, na lata, Lindberg, responsabilizando-o como o orquestrador da monumental vaia que levou na cidade de Cabo Frio.

Lindberg (PT), surpreso, engoliu o desaforo!

Nem tomou conhecimento de que Cabo Frio – para onde se dirigiu a população de baixa-renda, depois da ruína da agricultura canavieira do norte fluminense, mormente adjacente à cidade de Campos dos Goitacazes, hoje governada pela ex-Governadora Rosinha Garotinho (PMDB), forte reduto (além de originário) do marido, o ex-Governador Anthony Garotinho (presidente do PMDB-RJ), francamente hostil à Sergio Cabral, contra quem pretende disputar o Governo do Estado em 2010.

Além do mais, a população de Cabo Frio ainda se encontra revoltada com o apoio dado pelo Governador Sérgio Cabral à candidatura do Prefeito sub judice de Cabo Frio, Marquinhos Mendes (PSDB), por gestões do seu líder na Assembléia Legislativa, Deputado Paulo Melo (PMDB), contra o candidato do seu partido, o ex-Prefeito (por três mandatos) Alair Correa (PMDB).

Alair, em véspera de assumir à Prefeitura de Cabo Frio, com a cassação do Prefeito sub judice Marquinhos Mendes, que teve, inclusive, seus direitos políticos suspensos por três anos, e que tomou posse com base em liminar judicial cassada (em Mandato de Segurança) pelo TRE-RJ, provavelmente, apoiará a candidatura de Anthony Garotinho, que se oporá à de Sérgio Cabral. Garotinho já aventou até a hipótese de ser candidato pelo PTB!

sexta-feira, 6 de março de 2009

BSB – Meta do tráfico

Autoridades do Distrito Federal estão muito preocupadas com a exportação do crime organizado da Baixada Fluminense para a capital federal.

Fenômeno parecido ocorreu na famosa Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro (Arraial do Cabo, Araruama, Búzios, Cabo Frio, Maricá, Itaipuassú, São Pedro da Aldeia, Iguaba, etc.). O aparentemente inocente jogo-do-bicho, influente nos espetáculos de carnaval e futebol, foi ampliando seus tentáculos, sobretudo na venda de exctasy para a juventude dourada veranista. Hoje, o predomínio já é o comércio de crack, incontido na região, e que já corrompeu significativos efetivos da atividade policial.

Desde que o capo carioca Castor de Andrade, Presidente do Bangu A.C. (que teve como um dos antecessores até um Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ari de Azevedo Franco), misturou o jogo-de-bicho (apenas capital-de-giro), sem, entretanto, o confundir (casa-de-apostas sem qualquer tipo de droga era a ordem rigorosa e ameaçadora) com a droga. Era trazida para o Rio, embalada no peixe oriundo de sua pesqueira, em Arraial da Ajuda, Porto Seguro, BA. O comércio da droga só se tem expandido no sudeste brasileiro.

Castro chegou a se associar (na Metalúrgica Castor) ao sogro de um dos filhos do General João Batista Figueiredo, Chefe do SNI, através do qual prestou relevantes serviços aos órgãos de segurança, inclusive, na tentativa de fraude do resultado das eleições para o Governo do Estado do Rio de Janeiro , em 1982, quando houve a tentativa de furtar a eleição de Brizola. A Metalúrgica Castor acabou sendo destacada fornecedora das Forças Armadas (pasmem!).

Rede Globo

Através de amizade construída com o então todo-poderoso Vice-Presidente de Operações José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o “Boni”, ao qual homenageava com banquetes e vinhos raros, nos períodos de lazer marítimo entre Angra dos Reis e Ilha Grande (RJ), o capo Castor conseguiu influência total na organização (e comando) dos festejos do carnaval carioca, criando e dominado a Liga das Escolas de Samba (que substituiu a desmoralizada Federação das Escolas de Samba do Rio). Esta passou o domínio dos espetáculos para a magnificente apresentação de escolas de samba de fora da cidade do Rio, como a Beija-Flor, de Nilópolis (comandada pelo seu sucessor, o capo Anísio Abraão David), a Grande Rio, de Duque de Caxias (comandada pelo, agora, confortavelmente, ex-bicheiro – segundo suas próprias palavras – Jaíder Soares, não por acaso, o preferido de astros e estrelas da TV Globo), e às das com sede na própria Baixada Fluminense (e sede falsa no Rio). Além da escola Viradouro, de Niterói, comandada pela família do finado banqueiro-do-bicho Monassa.

Estarrecido, o Governador de Brasília, José Roberto Arruda (DEM), está sendo instado a repetir um dos mais graves erros (e crimes cometidos contra a segurança da cidade do Rio de Janeiro) cometidos pelo ex-Prefeito César Maia, quando entregou à LIESA (Liga das Escolas de Samba) toda a condução do carnaval carioca, retirando as atribuições especificas da Empresa Municipal de Turismo da cidade do Rio de Janeiro – RIOTUR.

Relatório sobre narcóticos do Departamento de Estado dos EUA, através do DEA, sugere ao Governo brasileiro que amplie as ações da Polícia Federal (Operação Fênix), antes que o Brasil se transforme numa nova Colômbia, já com as FARC atuando em cidades como Cascavel e Guaira (PR) e Porto Velho, JI-Paraná e Cacoal (em Rondônia).

quarta-feira, 4 de março de 2009

Do “concertacion” à “desconcertacion”!

- “Lula não transfere!”

Durante meses a mídia argentaria, de viés paulista, sobretudo, sustentou o Governador José Serra (PSDB) como imbatível e inevitável candidato quase vitorioso das oposições (PSDB-DEM-PPS, etc.).

Isso depois que Lula recusou quaisquer tentativas de um terceiro mandato. Lembrando que o terceiro mandato foi tentado por Carlos Saúl Menem, na Argentina, e FHC, no Brasil, liquidados pela ruína do seu aliado peruano, Alberto Fujimori, que obteve e... acabou deposto e preso! Com FHC acantonando seu “operador”, Augusto Montesinos, para quem acabou obtendo asilo no Panamá, forçando à Presidente daquele País. Montesinos, também, está preso, depois de extraditado!

Um cientista social de Brasília – “cuidado com cientistas sociais!”, faço coro com o notável jornalista Mauro Santayana, doutor em Ciências Sociais e Jurídicas, mais e melhor do que qualquer desses emproados acadêmicos – chegou a afirmar que nem Getúlio Vargas transferiu votos em 1946...

Como não, rapaz? O General Eurico Gaspar Dutra, militar, sem militância política, foi eleito com o apoio de quem? Dos generais Camrobert e Mascarenhas de Moraes? Senhor cientista político, recorde que Getúlio Vargas, depois de retornar, já eleito à presidência (1950), mesmo morto, elegeu seus candidatos, Juscelino Kubitschek (PSD) e João Goulart (PTB), respectivamente, Presidente e Vice da República (1960). O próprio Deputado Federal Jânio Quadros (PTB-SP) se elegera Presidente (1960) em “dobradinha” suprapartidária com o reeleito Vice-Presidente João Goulart, com o movimento “Jan-Jan”, capitaneado pelo Senador paranaense Nelson Maculan.

O problema atual da cena política brasileira é que Lula não apenas transfere votos, mas, sobretudo, coopta seguidores (agentes eleitorais), como os próprios ACM e Sarney (em 2002), Michel Temer, Moreira Franco, Gedel Vieira Lima, Edson Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá, Waldir Raupp, etc. E como faz, agora, com o Senador Osmar Dias (PDT-PR), um tucano arrependido, que lhe fazia oposição velada, até o fim do ano parlamentar passado (2008).

Cooptando adversário, Lula não teve oposição nos seus seis e meio anos de governo! Sua situação popular só perigou no episódio do “mensalão”, embora o principal acusador, o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), fizesse questão de poupá-lo o tempo todo...

- “Vamos deixá-lo sangrar! Deixá-lo sangrar!

Esta sugestão do “sociólogo da Vale do rio Doce”, FHC, tropeçou num terrível (e surpreendente!) fato novo: “o mensalão era de origem mineira...”. Enterrados até os pescoços, o ex-Governador Eduardo Azeredo (PSDB) e seu vice, Mares Guia (PTB) “haviam posto a mão-na-massa, até onde não deviam, no movimento de capitais, alavancados e lavados por Marcos Valério e sua turma...”.

Senador influente, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) cobrou sua inocência no Senado, com todo apoio e ajuda do trânsfuga, seu colega, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), transformado em “kamicase-da-ética”, aspirante à vice na chapa de José Serra (que, a esta altura melada, mesmo antes do dossiê Queiroz Galvão, da CPI sobre a gestão de Vasconcelos na Prefeitura do Recife). E o mensalão acabou, mineiramente abafado...

Tamanho desgaste da classe política, com respingos até em seu governo (Paloci e o próprio Mares Guia), levaram o Presidente Lula a se inspirar no exemplo do ex-Presidente socialista do Chile, Ricardo Lagos (PS), que avaliando o desgaste da aliança com o Partido Democrata Cristão (dos ex-Presidentes Patrice Alwyn e Eduardo Frei, filho–apoiadores do golpe que depôs o Presidente Salvador Allende, em 1973), no que ficou denominada de “concertacion”, mas que se consolidou na eleição de sua sucessora, a sua Ministra Michelle Bachelet (última da ditadura Pinochet).

E, então, surgiu Dilma Rousseff (PT-RS), que, pelo visto, está se transformando em verdadeira “desconcertacion” para as oposições e o seu candidato José Serra (PSDB-SP).

E a consolidação da chapa Dilma (PT-RS) e Michel Temer (PMDB-SP), racha São Paulo, mormente, depois que o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), desgrudando de Serra (mordido pelo golpe-de-mão, que foi a cooptação do Geraldo Alckmin), anunciou-se, também, pré-candidato à Presidência, arrancando prévias em seu partido, deixando Serra apavorado ante a iminência de racha descomunal...

O PSDB (dos tucanos) e o PFL (dos Demos) estão à beira é de ataque de nervos!

Crescimento

Não obstante o crescimento da unidade do Partido dos Trabalhadores em torno da sua candidata, Dilma Rousseff - antes hostilizada por certos setores puristas do partido, pela sua origem trabalhista (PDT-RS) - a preocupação do Presidente Lula com a sustentabilidade da aliança PMDB-PT no Paraná aguçou-se com algumas incursões do candidato tucano, José Serra, no Estado, a partir da exposição em Cascavel, município de forte tonalidade gaúcha, como de resto todo o sudoeste paranaense.

Dilma – um misto de política gaúcho-mineira – está sendo apontada como uma espécie de Michele Bachellet (a chilena que nunca disputou eleições, escolhida pelo então Presidente socialista, Ricardo Lagos, para sucedê-lo na Presidência da República) – tende a encarnar os mesmos ideais da revolução de 1930 (Getúlio Vargas, no RS, e Antônio Carlos, em MG), de rompimento com a política café-com-leite de domínio da política econômica brasileira pelo poderio de São Paulo.

Neste sentido, o candidato paulista José Serra passaria a ser combatido, como o foi o candidato paulista daquela época, Júlio Prestes.

A reeleição da corrupção

Cerca de um mês antes das eleições de 1998, ante o crescimento da candidatura oposicionista de Luís Inácio Lula da Silva, a mídia oficialista paulistana cristalizou a informação de que a falência do País era iminente. O que, de certa forma, era verdade! Mas, o País já “falira” outras vezes durante aqueles quatro primeiros anos de Governo FHC, sempre socorrido por “grandiosos” empréstimos de fontes como o Fundo Monetário Internacional.

A mesma mídia oficialista, acentuando a imagem do “catastrofismo” de gestão (sobretudo da gestão corrupta de FHC), induziu a opinião pública a votar num candidato preparado para enfrentar à crise...

Lula foi ridicularizado em proporções inimagináveis...

Um insistente comercial burlando a proibição de matéria paga eleitoral, veiculado pelas Organizações Odebrecht, comparava, indiretamente, o candidato Lula a analfabeto... E concluía: “... se o seu candidato não sabe... mude de candidato...”.

O próprio Ministro-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ilmar Galvão, num lance que igualou o Brasil a qualquer republiqueta, teve a ousadia até de encampar a tese, publicamente, “de que era necessário eleger um Presidente preparado para enfrentar a crise...”. No caso, FHC: só havia ele! Assim, pregava a mídia oficialista-paulista (Estadão, Folha,Veja, ancorando a Rede Globo de Televisão). As provas temos ai, e a memória não se esgotou...

É claro que Galvão não foi dado por suspeito, nem foi afastado da Presidência do TSE, até prestou relevantes serviços à candidatura de FHC (1998). Aliás, a suspeição do Presidente da mais alta Corte Eleitoral do País (TSE), também, não se iria verificar, em 2002, quando a nata da advocacia brasileira a argüiu contra o novo Presidente, Ministro Nelson Jobim, que residia e dividia namoradas com seu colega de Ministério de FHC, Senador José Serra (PSDB), num apartamento funcional.

O próprio Jobim teve a cara-de-pau de negar (jamais deveria ser ele próprio o julgador do pedido) a suspeição argüida...

A verdade é que, por pressões do próprio Presidente dos EUA, Bill Clinton, o Fundo Monetário Internacional acabou emprestando US$ 40 bilhões imediatos ao Brasil, que permitiram ao Governo (FHC) gigolar o País por mais quatro anos...

Afinal, a reeleição, com todas as suas impurezas e vícios, fora montada em causa própria por FHC, em benefício próprio, no mesmo exercício eleitoral (1997-1998), com o recrutamento de votos pelo próprio Presidente da Câmara dos Deputados, Luís Eduardo Magalhães (PFL na época), levados à “operação” pelo Ministro das Comunicações, Serjão Mota (PSDB)... A nação teve a dimensão das “comunicações” praticadas por Serjão Mota, caixa de campanha das campanhas de FHC. Para muitos, o próprio “PC de FHC”!

Verdade seja dita: nem o Presidente Fernando Collor (PRN), em todo o seu desvario, teve a ousadia de nomear PC Farias Ministro de Estado! FHC peitou a ética, como de seu estilo, nomeando Serjão Mota, o “trator”! Só que no episódio da compra de votos parlamentares pelo grupo de FHC, para aprovação da reeleição, “o trator atolou”, como disse um jornalista de Brasília (Leonel Rocha?).

Bem, reeleito FHC, o Brasil implodiu: faliu de novo, naquela sexta-feira trágica de 29 de janeiro de 1999.

Enquanto isso, silencioso, beneficiário de todo o processo, tomava posse no Governo de Pernambuco o trânsfuga, hoje Senador Jarbas Vasconcelos, pela aliança PSDB (de Serjão Mota) e PFL (de Luís Eduardo Magalhães), com o candidato a Vice Mendonça Filho (PFL), não por acaso autor na Câmara dos Deputados da imoral Emenda da reeleição...

Nada a comentar, leitor!

Só recordar que, como “autêntico” do MDB, Jarbas Vasconcelos acabou se assemelhando ao colega, também “autêntico” (mesma época), Jader Barbalho (PMDB-PA)!
“Autênticos” em o quê? Que o leitor reflita...

terça-feira, 3 de março de 2009

Suicídio tucano

Para os estrategistas do Partido dos Trabalhadores (PT), a chapa Pessuti (PMDB-PR)-Gleisi (PT-PR), com Lula, Dilma Rousseff (candidata a Presidente), Sarney, Michel Temer (o vice de Dilma) e todo o PMDB no palanque, estancariam a onda tucana dominante no Paraná, sobretudo Lernista (“ganharemos com Álvaro, Beto ou Osmar...”), que começa a ficar aparentemente incontida.

Seria para o ex-Ministro José Dirceu como que “a evaporação de todo o gás adversário, mesmo sob as mais sutis manobras...”.

A chapa Pessutti e Gleisi no Paraná

Reviravolta na sucessão paranaense. O partido dos Trabalhadores, aliado no Governo Requião – sempre a partir do segundo turno, nas eleições de 2002 (Padre Roque, candidato próprio no 1º turno) e 2006 (Flávio Arns, candidato próprio no 1º turno) – está, agora, disposto à aliança já no primeiro turno, objetivando dar palanque à chapa nacional da aliança PT-PMDB – Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB).

Galho de Arruda

Em Brasília, num primeiro momento, Joaquim Roriz (PMDB-DF) apresenta sua candidatura ao Governo do Distrito Federal. Mas, pode se candidatar ao Senado, em “dobradinha” com Cristóvão Buarque (PDT), candidato à reeleição. Neste caso, o candidato da frente oposicionista seria o ex-Ministro dos Esportes, Agnello Queiroz (agora PT).

O Senador Gin Argello (PTB-DF) também participa do projeto, com candidatura ao Governo do Distrito Federal, por conta de garantir a realização de um segundo turno, e reforçar – no primeiro – o palanque da candidata da aliança PT-PMDB-PTB, Dilma Rousseff (PT). No escritório do advogado Luís Carlos Alcoforado estão sendo tramadas as várias hipóteses para impedir à reeleição do Governador José Roberto Arruda (DEM-DF), que não admite conversas para ser o vice do candidato presidencial das arruinadas oposições (PSDB-PPS-PV-DEM), José Serra (PSDB-SP).

domingo, 1 de março de 2009

A memória Kennedy (Camelot)

As manobras de Sam Giancana, os complôs do Johnny Rosselli e as idiotices da CIA não surtiram efeito: Fidel Castro continua vivo, bem vivo. Allen Dulles, o chefão da CIA preparava a invasão de Cuba há meses. Em 17 de abril, as tropas de cubanos expatriados se lançaram à conquista da ilha: 1.400 homens desembarcaram em uma praia à beira de um pântano, na Baía dos Porcos, no litoral sul. Os conselheiros de Kennedy haviam assegurado que uma revolta popular, evidente, derrubaria o regime. Generais americanos, que incentivaram o Presidente na direção do confronto, estavam prontos para o envio de aviões, navios, mísseis, tanques, tudo o que se queria. Eles estavam querendo uma boa guerra. E iriam conseguir, mas não ali.

Kennedy assistiu (e levou a culpa pelo, sic) ao fiasco: 114 homens morreram, 1.200 foram capturados. E a revolta popular? Ela aconteceu, mas contra os ianques. Castro fez (sic) um discurso de quatro horas – algo como um trailer de filme, para ele – e manda um aviso ao capitalismo decadente. Enquanto isso, JFK estava muito mal: teve uma crise venérea, recebeu 600 mil unidades de penicilina injetável. O caso cubano termina num clima de terrível amargura: o Presidente dos Estados Unidos tem a impressão de lhe terem forçado a ação, de haver herdado um conflito que não era seu, e manda cancelar o apoio aéreo. Consegue, com isso, o ódio dos militares, o ódio dos cubanos de Miami, o ódio da direita americana, o ódio de Castro e o ódio da CIA. JFK foi à televisão: “Sou o único responsável!” afirmou e recuperou o apoio popular, medido por sondagens de opinião. Porém, no âmbito particular dizia o contrário: “os responsáveis são outros”.

Foi uma sacanagem. JFK assumiu em 20 de janeiro de 1961. Em 17 de abril, a operação, várias vezes abortada, já era, havia muito tempo, conhecida por Castro. E locais, a hora, a data do ataque, e etc. Talvez até a marca das botinas... Era a operação menos secreta do mundo...

Kennedy se redimira no ano seguinte (1962), quando impôs o tal “bloqueio”, que obrigou os russos a desmontarem várias plataformas lançadoras de foquetes, por eles montadas em Cuba... Confesso que também participamos do alívio que foi ver, pelo Reportes Esso (quanta ironia!) os cargueiros soviéticos se afastarem das águas territoriais cubanas, foco de bloqueio da armada norte-americana...

Robert Kennedy assumiu o comando das coisas. O irmão, louco de raiva por ter sido manipulado pelos militares e pelos espiões, prometeu “espalhar a CIA pelos quatro cantos!”. Por outro lado, o romance de Jack (John Kennedy) com Madame Nhu, cunhada do ditador DIEM, do Vietnam do Sul, fê-lo transigir com aquele governo moribundo, e aumentar os efetivos norte-americanos no País.

Seu sucessor, Lyndon Johnson, enterraria, de vez, a imagem de aliado, como os EEUU haviam chegado ao sudeste asiático, na esperança de não repetirem a condenação aos franceses pelo domínio da Indochina. De onde acabaram expulsos pela forças do mesmo general Giap, que expulsou franceses.

A guerra do Vietnam levou o Partido Democrata a repudiar Johnson, porque tinha as melhores alternativas - dos Senadores Robert Kennedy e Eugene Mac Carty, Kennedy acabou sendo assassinado por Shiran Bichara Shiran, um árabe que cumpriu o papel de confundir as investigações... A máfia mandou matar Bob Kennedy, antes que o tivesse que matar, como fez com o irmão: John, que já era Presidente. Evitou liquidar um segundo Presidente: seria demais! Provavelmente acabaria destruída pela ousadia. Não quis exagerar cometendo tal descuido! Então, um árabe cometeu o delito, nascido do fanatismo religioso.

E Richard Nixon, seu aliado, que estava fora do processo (Nelson Rockfeller já era o candidato republicano à Presidência), acabou atropelando na Convenção Republicana de Miami (1968), tornando-se candidato e esmagando Humfrey, o Vice de Lyndon Johnson, que não se atreveu a disputar à reeleição. Dias antes, em sua magnífica vivenda em Key Biscaine, Nixon jurou-me em O Cruzeiro (abril de 1968):

- “Não sou candidato. Não posso perder outra eleição para John Kennedy e, agora, seu cadáver...”Era como considerava a candidatura do irmão, Bob Kennedy, sobre cujo próprio cadáver acabou concorrendo e ganhando a eleição! Era o imponderável!

Matéria adaptada do livro "Marilyn e JFK", Editora Objetiva, 2009

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A ascensão de John Kennedy (e Obama?)

A verdadeira Santa Trindade de Camelot era: seja bonito, espalhe confusão e trepe! Jack Kennedy foi o líder mítico de um período da nossa história. Ele falava bem e tinha um corte de cabelo estiloso. Foi morto no momento certo para a canonização. Sua chama eterna continua sendo alimentada por mentiras. Já é tempo de desmistificar aquela época e de construir um novo mito, indo da sarjeta aos céus.

James Ellroy
American Tabloid

Soltíssimas...

No restaurante do Senado, dia 17/02, o Senador Osmar Dias (PDT) já não confirmava “a precedência do Álvaro como candidato ao Governo do Estado”. “Não é bem assim....” dizia ele!


A candidatura Orlando Pessutti (PMDB), contida pelo atual Governador Requião, só terá condições de emergir após abril de 2010, quando assumir o Governo....


A candidatura Beto Richa (PSDB), que já tomou conta do partido, apenas se viabilizará quando a Executiva Nacional se convencer da total inviabilidade da candidatura do Senador Álvaro Dias (PSDB), o preferido.


Gleisi Hoffmann (PT), que nunca se entusiasmou com a candidatura à Assembléia Legislativa oferecida pelo partido, resolveu reassumir a candidatura ao Senado. Vai dominar o palanque de Dilma Rousseff (PT) no Paraná!


O Paraná corre o risco, ainda, de Gleisi como candidata ao Governo do Estado – por imposição do seu próprio partido (PT) – para melhorar o palanque da Dilma, no Paraná. Flávio Arns candidato a Deputado Federal (já até o foi, pelo PSDB!), Paulo Bernardo e Jorge Samek (não liberados pelo Presidente Lula, agora, candidato ao Senado por Pernambuco), permanecerão na equipe do futuro Presidente José de Alencar, ou Michel Temer...

Barak Obama?

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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Espectro político especulável no Paraná para 2010

Candidatos ao Governo do Estado: Gleisi (PT), Osmar (PDT), Richa (PSDB/PPS) e Pessutti (PMDB). Hipótese em que Álvaro Dias estaria descartado...

Outra hipótese: Pessutti (PMDB)-Gleisi (PT), Governo e Vice, com Requião ao Senado...

Nova hipótese: Osmar (PDT)-Richa(PSDB), Governo e Vice, Senador Requião (!)

Hipótese mais difícil: Álvaro(PSDB)-Alexandre Curi(PMDB), Governo e Vice, Senadores Requião (PMDB), Gleisi (PT) e Osmar (PDT).

Puro-sangue: Álvaro (Governo) – Richa (Vice) PSDB, que enfrentaria Pessutti (PMDB)-Gleisi(PT), com Osmar (PDT) Senador nas duas situações!

Melhores Dias virão

- “Requião é carta fora do baralho!... Acabou!”.

A declaração infeliz do Senador Osmar Dias (PDT-PR), ele próprio um vacilante pré-candidato ao Governo do Paraná (mas, por segurança, também, ainda pré-candidato à reeleição ao Senado, onde conclui seu segundo mandato), é desmentida pelos altíssimos índices de aprovação popular registrados pelo Governador do Paraná (62% - Datafolha). Ainda que surpreendentes!

Requião, polêmico como é, conserva a exclusividade de ser o único candidato majoritário (Senado?), ainda, propagador de idéias, mantendo certa linha de coerência. A cena política do Paraná nas duas últimas eleições governamentais (2002 e 2006) revelou as candidaturas dos chamados irmãos Dias (Álvaro e Osmar), oscilantes parlamentares no espectro ideológico da cena política nacional (ora sociais-democratas, ora trabalhistas!), como herdeiros e catalisadores do voto conservador (e apoios ainda maiores), pelas suas linhas conservadoras de atuação parlamentar (os dois fizeram parte da base de sustentação do Governo FHC).

O próprio Osmar, que até o ano passado alinhava-se entre opositores do Governo Lula, agora, quando se colocam as posições para a competição do ano vindouro (2010), deixa-se cooptar pelo Presidente, aspirando representar o espectro situacionista (numa frente composta até pelo PT), enquanto seu irmão se mantém na vice-liderança da oposição (PSDB). Estamos diante de uma nova e mais moderna versão do “lernismo”.

Resta saber com quem marcharão as forças reacionárias, como o que inspirou os governos neoliberais que geriram o Paraná (mais especificamente, à frente da Prefeitura de Curitiba), na era Lerner-Tanigushi. Com quem votarão (e financiarão) forças econômicas alavancadas pelos Bancos Icatú, Itaú e Unibanco? E as multinacionais dos transgênicos, como Bünge, Cargil e Monsanto? E multinacionais como a Vivendi, a Chrysler e outras? Além das forças reacionárias ligadas ao agronegócio?

Como votaram, ainda, nas privatizações os irmãos Senadores Álvaro (PSDB) e Osmar Dias (então PSDB, hoje PDT)? Como se comportaram no caso mais escabroso do capítulo das privatizações-doações, mormente, no caso da Companhia VALE do Rio Doce (avaliada em cerca de US$ 400 milhões – sob as naturais dificuldades de avaliação do bilionário subsolo brasileiro), vendida R$ 3 bilhões (dinheiro do BNDES, com carência, 6% de juros ao ano mais TJLP, sem garantias reais – já que a própria VALE foi dada como garantia para o endividamento...)? O pior é que os adquirentes, antes mesmo de qualquer pagamento aquisitório, encontraram no caixa líquido R$ 750 milhões. A VALE acabou sendo vendida (com recursos do próprio vendedor, através do BNDES) por verdadeiros R$ 2,25 bilhões ao invés dos R$ 3 bilhões...

Ora, a CEDAE (Companhia de Águas do Rio) esteve cotada para venda por R$ 6 bilhões! E a própria COPEL andou por estes valores! Ora, a VALE (só através de sua potência mineral de Carajás – avaliada, hoje, em R$ 50 bilhões) é dez vezes maior patrimonialmente de que toda a Usina de Itaipu (binacional).

As posições do Governador Requião (único apoiador da candidatura presidencial de Lula, tanto em 1989, quando 2002, 2006 e 1994 e 1998, quando nenhum dos Senadores paranaenses o acompanhou) tem sido no sentido de sutil afastamento do Partido dos Trabalhadores e do Presidente Lula. Afinal, o PT teve candidatos próprios ao Governo do Estado em 2002 (Padre Roque) e 2006 (Flávio Arns).

O problema é que, em função do abandono pelo PT, o Governador Requião, em 2006, chegou a ter como candidato a Vice-Governador Hermas Brandão (PSDB), que, até hoje, lidera a corrente dissidente do partido, apenas impedido por decisão da Justiça Eleitoral.

Mas, não reside nisto a complexidade do espectro político paranaense.

O fim da gestão do Governador Requião revela a quase inevitabilidade de o próximo Governo (Álvaro Dias, Beto Richa ou Osmar Dias) ser um governo de linha neoliberal continuísta às gestões de Jaime Lerner, que ajudaram a dizimar o patrimônio estratégico do Estado do Paraná. Não por acaso, o mais provável candidato do PMDB, o futuro Governador, Orlando Pessuti, alinhar-se-á muito próximo a tal corrente de pensamento...

Nem o PT (seja com o Ministro Paulo Bernardo ou o Senador Flavio Arns) formou quadro político apto a enfrentar tal corrente conservadora... Quando muito, o PT apresentará a candidatura da advogada Gleisi Hoffmann, solitária presença progressista, num partido encantado com as benesses das tradicionais forças reacionárias rurais, do agronegócio e industriais, dos cartéis privacionistas. Pobre Paraná!

A provável candidatura do atual Governador Requião à Câmara dos Deputados – com o objetivo de aumentar o número de sua bancada – é outra infeliz garantia da ausência do contraditório na campanha eleitoral paranaense.

Estará excluída a universalidade dos debates... Que se transformarão em meramente fisiológicos! As obras do PAC terão destaque, como única pauta da campanha! Vão disputar sua operacionalidade, “operadores” com o Prefeito Beto Richa (PSDB) e a provável candidata do PT, Gleisi Hoffmann, que dará palanque à candidata do seu partido à Presidência da República, a hoje Ministra Dilma Rousseff.

Requião não está morto, como comemoram alguns apressados. Repetirá eleições para a Câmara dos Deputados, como as do Governador (de SP) Jânio Quadros em 1958. E do Governador (do rio Grande do Sul) Leonel Brizola (no Rio – então Estado da Guanabara) em 1962, quando um em cada três eleitores cariocas sufragou-o como Deputado Federal até hoje (proporcionalmente) mais votado do Brasil (264 mil votos num eleitorado de menos de 800 mil).

Com votação destacada, Requião já está lançado pré-candidato à Prefeitura de Curitiba em 2012, também, repetindo o ex-Presidente Jânio Quadros, que em 1985 se elegeu Prefeito de São Paulo (pela segunda vez – 1950 e 1985), encerrando sua vida pública... O futuro Prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), que se prepare!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Fluidos do carnaval

Nem a subida da Ministra Dilma Rousseff nas pesquisas - a partir da “pajelança” com os Prefeitos e as comemorações do aniversário do PT, em Brasília - convence o Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) a mudar de postura: continua candidato à reeleição, recusando o convite de Lula para ser o candidato a vice de Dilma.

Muito antes da “cristalização” da chapa "DILMA (PT) – MICHEL TEMER (PMDB)", única hipótese de unir o PMDB em torno de um nome, ao lado da Ministra-Chefe da Casa Civil, Cabral já se resguardava.

O Governador do Rio se reforça, fustigado partidariamente pela pré-candidatura do ex-Governador Anthony Garotinho (PMDB?), disposto, ainda, a disputar o cargo por outro partido (PTB?). Suas conversas com outro pretendente, o Prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), poderão até o transformar em candidato ao Senado. Lindberg disputaria, então, o Governo do Rio. Ou vice-versa, Garotinho Governador e Lindberg Senador, criaram o segundo palanque de Dilma no Estado do Rio. Para os estrategistas do PT, a capital fluminense, com reflexos na Baixada Fluminenses, é território do Lula...

- “Precisamos é dos votos do interior do Estado...”.

A frase – dita por petista bem situado – reflete o destaque merecido pelo ex-Governador do Rio, Anthony Garotinho (PMDB), que acaba de confirmar seu prestígio – sobretudo no norte fluminense – com a eleição da mulher, a ex-Governadora Rosinha (PMDB) para a Prefeitura de Campos dos Goytacazes (RJ). Nas eleições de 2006, em menos de trinta dias, já havia transferido mais de duzentos mil votos para o Deputado Federal Geraldo Pudim (PMDB), seu candidato.

E garotinho foi o único Governador a eleger seu sucessor – a própria mulher, Rosinha (2002) – e o sucessor dela, o atual Governador, Sérgio Cabral (PMDB). Cabral não teve problema em se consagrar na convenção do partido, absolutamente controlada por Garotinho, que, ainda, lhe ofereceu o candidato a Vice-Governador, na pessoa de seu Secretário de Governo, Luiz Roberto Pezão, ex-Prefeito de Piraí/RJ.

O complicador, entretanto, foi criado pelo próprio Garotinho – que ajudou, ainda que discretamente – à candidatura do Deputado Federal Fernando Gabeira (PV) à Prefeitura do Rio (2008). Nesta eleição, Garotinho elegeu a filha, Clarissa, a Vereadora mais votada do partido (PMDB).

Mas, Gabeira (PV), linha auxiliar do Governador de São Paulo, José Serra (PSDB), pré-candidato à Presidência da República, está encarregado de criar o palanque serrista no Rio: acabará, também, sendo candidato ao Governo do Estado...

Susto de Cabral

Cabral (PMDB) assustou-se com a ofensiva do Ministro da Infraestrutura, Geddel Vieira Lima (PMDB), para disputar o Governo da Bahia contra o Governador Jaques Wagner (PT). É briga feia, que só poderá ser apartada pelo próprio Presidente Lula, grande e tradicional amigo de Wagner. Geddel se contentaria em ser o vice nordestino, que tantos sugerem à Ministra Dilma Rousseff, se confirmada como candidata presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT).

Mas o que preocupa...

Mas o que preocupa, realmente, o Governador Sergio Cabral (PMDB) é o esforço dos peemedebistas, encabeçados pelo ex-Presidente José Sarney (Renan, Temer, Henrique Eduardo Alves, etc.), em atrair o Governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), para o partido no qual começou sua vida pública: o PMDB! Seria repetir o gesto do seu avô, Tancredo Neves, em 1981, quando se sentiu obrigado a retornar ao PMDB, impedido de fundar o seu PP, pelo Governo do General Geisel.


Neste caso – segundo gosto do próprio Presidente Lula – o vice de Aécio seria Jaques Wagner, do PT. E Geddel Vieira Lima (PMDB) seria candidato ao Governo da Bahia, na aliança PMDB-PT!

Gabeira-Rosinha

O PSDB já pensa em lançar a chapa “Gabeira (PV-PSDB) – Rosinha (?)”, em 2010, para o Governo do Estado do Rio. E o Senador Francisco Dornelles (PP) está colocando o bloco na rua, numa eleição em que nada perde: estará no meio do mandato em 2010. É hora convidativa a riscos! César Maia (DEM), que já se lançou candidato, admitiria ser o vice? Há gente tentando...

Luta contra o relógio...

O Governador Sérgio Cabral (PMDB) percebeu que tem que lutar contra o relógio... E não pode pensar, ainda, que lhe está assegurada a vaga de vice na chapa da Dilma Rousseff (se for mesmo a candidata presidencial de Lula, em 2010!).

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...

Foi-se o tempo do Barão de Drummond, quando o jogo-do-bicho era algo folclórico e puro. A sucessão beligerante do capo do bicho, no Rio, Castor de Andrade, a morte encomendada de seu filho e herdeiro – além de sucessor no comando do capital mais líquido do crime organizado – Paulinho Andrade, revelaram um mundo no qual a lei do extermínio predominava na solução de pendências.

A maior delas: o domínio da exploração das máquinas caça-níqueis em todas as comunidades fluminenses, com destaque na capital carioca, o Rio. Presos, por condenações corajosas da ex-Juíza Denise Frossard, os banqueiros-do-bicho, mentores do crime organizado na cidade do Rio de Janeiro, foram suplantados pelas casas de bingos – surgidas ao amparo das Leis Zico e Pelé – pelos donos de cadeias hoteleiras e restaurantes de médio-porte (em geral de lideranças da colônia espanhola), que não atuavam na área de segurança privada e individual. Os espanhóis praticavam um jogo inocente, não distribuíam drogas, nem lidavam com armas contrabandeadas por antigos policiais, através do Paraguai (Porto Juan Caballero – Ponta Porã e Cidade del Leste – Foz do Iguaçu, na liderança). Alguns se transformaram em personalidades, através de casas de diversão fina, como o Asa Branca e o Scala, lotados promocionalmente por Chico Recarey, nos anos setenta e oitenta.

Os bingos chegaram até ser fiscalizados pela LOTERJ, durante a gestão ativa do advogado Daniel Homem de Carvalho, grande tributarista da nova geração. Todas as cartelas chegaram a ser chanceladas e vendidas pela LOTERJ, que dedicava a receita a entidades sociais... Com a violenta ação policial conta o acervo – ainda que inativo – das casas de bingo, com violentas operações de apreensões das máquinas desligadas, começou-se a descobrir que estas passaram a ser distribuídas nas periferias da cidade, tanto quanto nas comunidades populares dos morros, sob exploração, guarda e proteção de ex-policiais das milícias.

Chega o carnaval, e as elites se apressam em soltar a franga, nos ensaios e desfiles das escolas de samba, ao lado dos artistas globais e astros de prestigio popular. As escolas de samba Unidos do Viradouro, em Niterói, da família do antigo banqueiro-do-bicho, Monassa, Grande Rio, do ex-banqueiro-do-bicho, Jayder Soares, e a Beija Flor, da preferência do Presidente Lula (te cuida Presidente, não se empolgue como fez o Itamar...), sob o controle da família de Anísio Abraão David, preso por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Esse conluio da burguesia alpinista, nascida do espetáculo da venus platinada, é a primeira a reclamar, com estardalhaço, quando vítima de assaltos ou mesmo tentativas, a que toda a população do Rio está sujeita.

Parodiando o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio, FRIJAN, “o crime organizado que explora o narcotráfico é subsidiado pelas elites consumidoras de droga nas mais sofisticadas festas da zona sul do Rio...”. E de shows na praia de Copacabana...

Com tamanha cumplicidade badalativa, como reclamar, hipocritamente, da violência crescente no País?

Inversão de pauta

- “Qualquer inauguração de obra passaria a ser vista como um ato de campanha antecipada, seria um flanco aberto a ataques de adversários na Justiça Eleitoral. Além disso, as prévias implicariam em uma campanha antecipada, seria um flanco aberto a ataques de adversários na Justiça Eleitoral.”.

A frase do Deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), braço direito do Governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência da República, de novo, começa a revelar as preocupações da corrente serrista, que sabe – melhor do que todos – as conseqüências e desdobramentos da troca, por Serra – durante o Governo FHC – do Ministério do Planejamento pelo Ministério da Saúde, “onde teria maior e melhor exposição, como pré-candidato à Presidência da República...”.

Não se poderia supor, àquela altura, que de um “bunker”- montado no próprio Ministério da Saúde, por gente como o Delegado Chellotti, da Polícia Federal – seriam deflagradas iniciativas, como a “operação LUNUS”, que estraçalhou a pré-candidatura presidencial (PFL) da então Governadora Roseana Sarney (PFL-MA, hoje PMDB-MA), impedindo-lhe, depois, o retorno ao Governo do Estado (2006). Há, ainda, a mal disfarçada invasão-hacker aos computadores do jornal Correio Brasiliense, fraudando os resultados da prévia, que apontava a franca liderança de Lula...

... e, além disso, toda a logística da montagem da captura dos ALOPRADOS, num hotel de São Paulo, com inexplicável (origem!) quantia em dinheiro para compra de um dossiê que comprometeria os ex-Ministros da Saúde, José Serra e Barjas Negri – hoje Prefeito de Piracicaba (PSDB) com vampiros e sanguessugas, comerciantes de ambulâncias superfaturadas para Prefeituras, na órbita de verbas do Ministério da Saúde. A mídia oficialista foi acionada para a unânime condenação, para a pretensa existência do tal dossiê... esquecida qualquer curiosidade sobre o seu conteúdo... Além do tal diferencial amazônico... Que acabou não funcionando!

Ora, montar dossiês não é crime! A imprensa investigatória (ou chantagista!) o faz, constantemente. Crime é tentar extorquir alguém, de posse de dossiê, como costumava fazer, por exemplo, o jornalista Alexandre Baungarten, arrendatário da moribunda (e já então desmoralizada revista O Cruzeiro). Acabou assassinado pelos seus próprios companheiros da tal “comunidade de informações”. O General Nilton Cruz, chefe dos órgãos de segurança no Rio, acusado de mentor intelectual e ordenador deste assassinato, foi absolvido pela Justiça.

A mesma técnica serrista impeliu o episódio dos cartões corporativos, quando se tentou envolver a Ministra-Chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que transformou “tal limão, numa limonada...”. Aproveitou chance que lhe deu o líder do DEM (ex-PFL), Senador Agripino Maia (DEM-RN), até hoje arrependido por sua infeliz intervenção, relembrando a vida pregressa de militante da luta armada da Ministra. Ela acabou ganhando a solidariedade de todo o País na repulsa às torturas de que foi vítima!

Recordando

PRECATAS... PRECATÓRIOS...

- "Eu vou continuar distribuindo “precatas” (sci) por ocês!"

E, assim, o ex-Governador Miguel Arraes de Alencar – um espontâneo marqueteiro de si mesmo – explicava aos grotões de Pernambuco, o grande flanco aberto, contra o seu Governo, na CPI dos Precatórios, comandada com estardalhaço, no Senado, pelo seu grande amigo, o Senador Roberto Requião (PMDB-PR).

Requião chegou até a afirmar que “colocava as mãos no fogo por (seu amigo) Arraes...”. Queimou-as, quando descobriu o grau de comprometimento do neto de Arraes, hoje Governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), na aquisição dos títulos podres, no que denominou da tal “cadeia da felicidade!”.

De pouco adiantou o trabalho da CPI dos precatórios. Claro que ninguém foi para a cadeia, nesta tal “cadeia-da-felicidade”, operada por um conjunto de instituições do sistema financeiro. O então Presidente FHC acabou obrigando o Tesouro Nacional a trocar os títulos frios (falsos!) por títulos verdadeiros do Tesouro. Causando (claro!) enorme rombo público!

Em tempo: “precatas” (sic) é como o homem do interior (dos grotões de Pernambuco) chama as famosas “alpercatas” – peças importantes no uso e nos hábitos regionais – distribuídas nos Governos de Arraes...

Arraes convenceu-os que lhe estavam levando ao purgatório (precatórios) pela insistência em distribuir as tais “precatas” ao povo pernambucano...

Precisamo-nos defender dos que querem-me impedir de continuar distribuindo as precatas!“ Sic transit gloria mundi...

A sucessão será mineira

A entrevista dada a uma revista semanal pelo Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), longe de credenciá-lo como vice-catalizador de identidade crítica do inconsciente coletivo para a chapa presidencial de José Serra (talvez com o próprio Jarbas como vice), pode ter, afinal, um tiro saído pela culatra.

Já está visível que – qualquer que seja o destino das prévias do PSDB – ficou praticamente impossível uma chapa puro-sangue, Serra-Aécio (PSDB). E, agora, ficou muito provável que o Presidente Luís Inácio Lula da Silva saia, mesmo, candidato ao Senado por Pernambuco, sua terra natal. Sorte do Senador Jarbas Vasconcelos que, em 2010, estará no meio do seu mandato senatorial!

Mas, com a eventual candidatura de Lula ao Senado, o próprio PMDB pernambucano se encarregará da “fritagem” de Jarbas. Ele diz que não é candidato ao Governo do Estado – que governou, por dois mandatos, em aliança com Mendonça Filho (ex-PFL, agora DEM) – mas, esteve cotado, como homem do nordeste, para a chapa de Serra que, agora, terá que procurar outro nome... que agregue mais simpatizantes.

E Jarbas, ainda, terá que enfrentar, mais amplamente, a acusação de trânsfuga, que lhe foi vestida pela então Governadora do Rio, Rosinha Garotinho, hoje Prefeita de Campos dos Goitacazes. A chapa Jarbas Vasconcelos (PMDB)-Mendonça Filho (ex-PFL, DEM) foi a maior responsável por esta acusação. Afinal, governou Pernambuco, de 1999 a 2006! Mendonça Filho até governou Pernambuco, o que parecia impossível, em condições normais, sem o endosso e os votos de Jarbas. Tanto que, embora, a frente do Governo, não tenha conseguido a reeleição (2006)! Mas, Jarbas também é criticado pelos históricos (raros) do partido, por sua estratégica e oportunística saída do PMDB, em meados dos anos 80, para disputar (e ganhar) a Prefeitura do Recife, contra o candidato escolhido em convenção do partido (Sérgio Murilo). Já empossado na Prefeitura (dispondo da estocagem de cargos) negociou seu retorno ao PMDB.

É claro que a procedência das suas acusações dá-lhe ressonância. Mas, o que as minimiza, afinal, é a inconsistência do arauto. O que – desde já – limita a ressonância das mesmas, embora as esperanças de danos à imagem do maior partido nacional – o PMDB – cause comemoração às oposições (PSDB, DEM e PPS), que estão percebendo o chamado risco – flutuante, que acabou atingindo à candidatura de Serra.

Ele parecia até hegemônico, ante a impossibilidade de um terceiro mandato, agora, rejeitado por Lula...

Inflado – a patamares até inverossímeis para a razão – Lula vive em estado de graça. Serra também vivia, privilegiado, como o segundo nome numa sucessão presidencial, que não podia ter Lula. Afinal, desfruta, o recall de três campanhas à Prefeitura de São Paulo (1988, 1996 e 2004, só esta vitoriosa!), uma ao próprio Governo de São Paulo (2006) e uma à Presidência da República, sendo Senador (1994-2002) e tendo sido duas vezes Ministro de Estado (Planejamento e Saúde), sendo nomeado para o Ministério da Saúde para obter máquina-de-campanha. Aliás, sofisticadíssima, nas áreas policial e de informações... O Delegado Federal Chellotti que o diga!

Iludido, quanto a esta hegemonia, Serra cometeu o chamado erro da arrogância: cooptou o aliado paulista, no qual seu adversário, Aécio Neves, depositava grandes esperanças de ajuda! Aécio, sentindo a estocada, jogou a campanha na rua. Agora, as prévias do PSDB se tornaram sério problema para Serra. Aécio provou que não será esmagado! E, ganhando ou perdendo, rachará o partido!

Serra acabou espremido, entre o mineiro Aécio e a mineira Dilma, candidata de Lula! Com o risco da reta final da campanha encontrar na Presidência da República outro mineiro: José de Alencar!