segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come...

Foi-se o tempo do Barão de Drummond, quando o jogo-do-bicho era algo folclórico e puro. A sucessão beligerante do capo do bicho, no Rio, Castor de Andrade, a morte encomendada de seu filho e herdeiro – além de sucessor no comando do capital mais líquido do crime organizado – Paulinho Andrade, revelaram um mundo no qual a lei do extermínio predominava na solução de pendências.

A maior delas: o domínio da exploração das máquinas caça-níqueis em todas as comunidades fluminenses, com destaque na capital carioca, o Rio. Presos, por condenações corajosas da ex-Juíza Denise Frossard, os banqueiros-do-bicho, mentores do crime organizado na cidade do Rio de Janeiro, foram suplantados pelas casas de bingos – surgidas ao amparo das Leis Zico e Pelé – pelos donos de cadeias hoteleiras e restaurantes de médio-porte (em geral de lideranças da colônia espanhola), que não atuavam na área de segurança privada e individual. Os espanhóis praticavam um jogo inocente, não distribuíam drogas, nem lidavam com armas contrabandeadas por antigos policiais, através do Paraguai (Porto Juan Caballero – Ponta Porã e Cidade del Leste – Foz do Iguaçu, na liderança). Alguns se transformaram em personalidades, através de casas de diversão fina, como o Asa Branca e o Scala, lotados promocionalmente por Chico Recarey, nos anos setenta e oitenta.

Os bingos chegaram até ser fiscalizados pela LOTERJ, durante a gestão ativa do advogado Daniel Homem de Carvalho, grande tributarista da nova geração. Todas as cartelas chegaram a ser chanceladas e vendidas pela LOTERJ, que dedicava a receita a entidades sociais... Com a violenta ação policial conta o acervo – ainda que inativo – das casas de bingo, com violentas operações de apreensões das máquinas desligadas, começou-se a descobrir que estas passaram a ser distribuídas nas periferias da cidade, tanto quanto nas comunidades populares dos morros, sob exploração, guarda e proteção de ex-policiais das milícias.

Chega o carnaval, e as elites se apressam em soltar a franga, nos ensaios e desfiles das escolas de samba, ao lado dos artistas globais e astros de prestigio popular. As escolas de samba Unidos do Viradouro, em Niterói, da família do antigo banqueiro-do-bicho, Monassa, Grande Rio, do ex-banqueiro-do-bicho, Jayder Soares, e a Beija Flor, da preferência do Presidente Lula (te cuida Presidente, não se empolgue como fez o Itamar...), sob o controle da família de Anísio Abraão David, preso por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Esse conluio da burguesia alpinista, nascida do espetáculo da venus platinada, é a primeira a reclamar, com estardalhaço, quando vítima de assaltos ou mesmo tentativas, a que toda a população do Rio está sujeita.

Parodiando o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio, FRIJAN, “o crime organizado que explora o narcotráfico é subsidiado pelas elites consumidoras de droga nas mais sofisticadas festas da zona sul do Rio...”. E de shows na praia de Copacabana...

Com tamanha cumplicidade badalativa, como reclamar, hipocritamente, da violência crescente no País?

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