quarta-feira, 1 de abril de 2009

Justiça ou vingança

- “Quero justiça.”.

Esta afirmação – feita, em geral, por quem sobrevive à perda de parente ou ser querido – encerra certa hipocrisia. Nestes momentos de até desespero, o que as pessoas estão dizendo, na realidade, é: “quero vingança!”. Só que institucional! Os declarantes não manifestam o desejo de realizar a vingança, de praticar o “olho por olho, dente por dente!”. Mas, querem que o Estado, através do Poder Judiciário, realize àquela sua intenção...

É de se esperar, entretanto, que juízes não pensem assim.

A prisão da socialité Eliana Piva Tranchesi é exemplo, condenável, deste quadro infeliz... Condenada a 94 anos (incumpríveis, além do mais!) foi presa, em casa, às seis horas da manhã, quando a sentença não havia nem transitada em julgado (cabia recurso). Mais: a matéria se encontra em discussão, com a empresária pagando, parceladamente, a multa arbitrada (ainda que discutida!).

Pior: Eliana se trata, desde 2006, de um câncer de pulmão. Em janeiro último uma surpresa: graças ao rigoroso tratamento, o câncer de pulmão está inativo, mas há metástase ativa na coluna lombossacral. O tumor é dos mais agressivos, ela terá que fazer quimioterapia a cada três semanas, por tempo indeterminado... (Revista Veja – no 2106 – 01/04/09)

Ao comentar a sentença, o Procurador da República, Matheus Baraldi Magnani, comemorou o fato de que, finalmente, a justiça estava atingindo o que ele chamou de fidalgos (!).”. (Revista Veja, mesma edição)

Por ai vê-se que Eliana acabou presa por que é rica (dona de um dos templos de consumo paulista – a DASLU). Ora, ser rico não é crime! E, sobretudo, juízes não podem extravasar qualquer tipo de vingança, ainda que sob o invólucro de uma sentença!
Não é porque uma pessoa é rica que, necessariamente, deva ser punida diferencialmente de outras...

E esse apressamento em fazer justiça, a qualquer preço, com a Polícia Federal, sob forte e privilegiada cobertura midiática (show da Rede Globo), só evidencia o exagero do Estado Policial especuloso, que se instalou no País. Onde até a ABIN, Agência de Informações, absorveu e atua dentro das exclusivas atribuições da polícia judiciária!

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