domingo, 1 de março de 2009

A memória Kennedy (Camelot)

As manobras de Sam Giancana, os complôs do Johnny Rosselli e as idiotices da CIA não surtiram efeito: Fidel Castro continua vivo, bem vivo. Allen Dulles, o chefão da CIA preparava a invasão de Cuba há meses. Em 17 de abril, as tropas de cubanos expatriados se lançaram à conquista da ilha: 1.400 homens desembarcaram em uma praia à beira de um pântano, na Baía dos Porcos, no litoral sul. Os conselheiros de Kennedy haviam assegurado que uma revolta popular, evidente, derrubaria o regime. Generais americanos, que incentivaram o Presidente na direção do confronto, estavam prontos para o envio de aviões, navios, mísseis, tanques, tudo o que se queria. Eles estavam querendo uma boa guerra. E iriam conseguir, mas não ali.

Kennedy assistiu (e levou a culpa pelo, sic) ao fiasco: 114 homens morreram, 1.200 foram capturados. E a revolta popular? Ela aconteceu, mas contra os ianques. Castro fez (sic) um discurso de quatro horas – algo como um trailer de filme, para ele – e manda um aviso ao capitalismo decadente. Enquanto isso, JFK estava muito mal: teve uma crise venérea, recebeu 600 mil unidades de penicilina injetável. O caso cubano termina num clima de terrível amargura: o Presidente dos Estados Unidos tem a impressão de lhe terem forçado a ação, de haver herdado um conflito que não era seu, e manda cancelar o apoio aéreo. Consegue, com isso, o ódio dos militares, o ódio dos cubanos de Miami, o ódio da direita americana, o ódio de Castro e o ódio da CIA. JFK foi à televisão: “Sou o único responsável!” afirmou e recuperou o apoio popular, medido por sondagens de opinião. Porém, no âmbito particular dizia o contrário: “os responsáveis são outros”.

Foi uma sacanagem. JFK assumiu em 20 de janeiro de 1961. Em 17 de abril, a operação, várias vezes abortada, já era, havia muito tempo, conhecida por Castro. E locais, a hora, a data do ataque, e etc. Talvez até a marca das botinas... Era a operação menos secreta do mundo...

Kennedy se redimira no ano seguinte (1962), quando impôs o tal “bloqueio”, que obrigou os russos a desmontarem várias plataformas lançadoras de foquetes, por eles montadas em Cuba... Confesso que também participamos do alívio que foi ver, pelo Reportes Esso (quanta ironia!) os cargueiros soviéticos se afastarem das águas territoriais cubanas, foco de bloqueio da armada norte-americana...

Robert Kennedy assumiu o comando das coisas. O irmão, louco de raiva por ter sido manipulado pelos militares e pelos espiões, prometeu “espalhar a CIA pelos quatro cantos!”. Por outro lado, o romance de Jack (John Kennedy) com Madame Nhu, cunhada do ditador DIEM, do Vietnam do Sul, fê-lo transigir com aquele governo moribundo, e aumentar os efetivos norte-americanos no País.

Seu sucessor, Lyndon Johnson, enterraria, de vez, a imagem de aliado, como os EEUU haviam chegado ao sudeste asiático, na esperança de não repetirem a condenação aos franceses pelo domínio da Indochina. De onde acabaram expulsos pela forças do mesmo general Giap, que expulsou franceses.

A guerra do Vietnam levou o Partido Democrata a repudiar Johnson, porque tinha as melhores alternativas - dos Senadores Robert Kennedy e Eugene Mac Carty, Kennedy acabou sendo assassinado por Shiran Bichara Shiran, um árabe que cumpriu o papel de confundir as investigações... A máfia mandou matar Bob Kennedy, antes que o tivesse que matar, como fez com o irmão: John, que já era Presidente. Evitou liquidar um segundo Presidente: seria demais! Provavelmente acabaria destruída pela ousadia. Não quis exagerar cometendo tal descuido! Então, um árabe cometeu o delito, nascido do fanatismo religioso.

E Richard Nixon, seu aliado, que estava fora do processo (Nelson Rockfeller já era o candidato republicano à Presidência), acabou atropelando na Convenção Republicana de Miami (1968), tornando-se candidato e esmagando Humfrey, o Vice de Lyndon Johnson, que não se atreveu a disputar à reeleição. Dias antes, em sua magnífica vivenda em Key Biscaine, Nixon jurou-me em O Cruzeiro (abril de 1968):

- “Não sou candidato. Não posso perder outra eleição para John Kennedy e, agora, seu cadáver...”Era como considerava a candidatura do irmão, Bob Kennedy, sobre cujo próprio cadáver acabou concorrendo e ganhando a eleição! Era o imponderável!

Matéria adaptada do livro "Marilyn e JFK", Editora Objetiva, 2009

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