segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A sucessão será mineira

A entrevista dada a uma revista semanal pelo Senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), longe de credenciá-lo como vice-catalizador de identidade crítica do inconsciente coletivo para a chapa presidencial de José Serra (talvez com o próprio Jarbas como vice), pode ter, afinal, um tiro saído pela culatra.

Já está visível que – qualquer que seja o destino das prévias do PSDB – ficou praticamente impossível uma chapa puro-sangue, Serra-Aécio (PSDB). E, agora, ficou muito provável que o Presidente Luís Inácio Lula da Silva saia, mesmo, candidato ao Senado por Pernambuco, sua terra natal. Sorte do Senador Jarbas Vasconcelos que, em 2010, estará no meio do seu mandato senatorial!

Mas, com a eventual candidatura de Lula ao Senado, o próprio PMDB pernambucano se encarregará da “fritagem” de Jarbas. Ele diz que não é candidato ao Governo do Estado – que governou, por dois mandatos, em aliança com Mendonça Filho (ex-PFL, agora DEM) – mas, esteve cotado, como homem do nordeste, para a chapa de Serra que, agora, terá que procurar outro nome... que agregue mais simpatizantes.

E Jarbas, ainda, terá que enfrentar, mais amplamente, a acusação de trânsfuga, que lhe foi vestida pela então Governadora do Rio, Rosinha Garotinho, hoje Prefeita de Campos dos Goitacazes. A chapa Jarbas Vasconcelos (PMDB)-Mendonça Filho (ex-PFL, DEM) foi a maior responsável por esta acusação. Afinal, governou Pernambuco, de 1999 a 2006! Mendonça Filho até governou Pernambuco, o que parecia impossível, em condições normais, sem o endosso e os votos de Jarbas. Tanto que, embora, a frente do Governo, não tenha conseguido a reeleição (2006)! Mas, Jarbas também é criticado pelos históricos (raros) do partido, por sua estratégica e oportunística saída do PMDB, em meados dos anos 80, para disputar (e ganhar) a Prefeitura do Recife, contra o candidato escolhido em convenção do partido (Sérgio Murilo). Já empossado na Prefeitura (dispondo da estocagem de cargos) negociou seu retorno ao PMDB.

É claro que a procedência das suas acusações dá-lhe ressonância. Mas, o que as minimiza, afinal, é a inconsistência do arauto. O que – desde já – limita a ressonância das mesmas, embora as esperanças de danos à imagem do maior partido nacional – o PMDB – cause comemoração às oposições (PSDB, DEM e PPS), que estão percebendo o chamado risco – flutuante, que acabou atingindo à candidatura de Serra.

Ele parecia até hegemônico, ante a impossibilidade de um terceiro mandato, agora, rejeitado por Lula...

Inflado – a patamares até inverossímeis para a razão – Lula vive em estado de graça. Serra também vivia, privilegiado, como o segundo nome numa sucessão presidencial, que não podia ter Lula. Afinal, desfruta, o recall de três campanhas à Prefeitura de São Paulo (1988, 1996 e 2004, só esta vitoriosa!), uma ao próprio Governo de São Paulo (2006) e uma à Presidência da República, sendo Senador (1994-2002) e tendo sido duas vezes Ministro de Estado (Planejamento e Saúde), sendo nomeado para o Ministério da Saúde para obter máquina-de-campanha. Aliás, sofisticadíssima, nas áreas policial e de informações... O Delegado Federal Chellotti que o diga!

Iludido, quanto a esta hegemonia, Serra cometeu o chamado erro da arrogância: cooptou o aliado paulista, no qual seu adversário, Aécio Neves, depositava grandes esperanças de ajuda! Aécio, sentindo a estocada, jogou a campanha na rua. Agora, as prévias do PSDB se tornaram sério problema para Serra. Aécio provou que não será esmagado! E, ganhando ou perdendo, rachará o partido!

Serra acabou espremido, entre o mineiro Aécio e a mineira Dilma, candidata de Lula! Com o risco da reta final da campanha encontrar na Presidência da República outro mineiro: José de Alencar!

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