terça-feira, 22 de dezembro de 2009

LEI ROUANET

A fantástica árvore de Natal, do Bradesco, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, é objeto de incentivo cultural-fiscal pela Lei Rouanet.

O coral do HSBC, no Palácio Avenida, em Curitiba, também.

Outros bancos, também, promovem mega eventos de fim de ano, amparados na Lei Rouanet.

Vai chegar a hora em que a Liga das Escolas de Samba do Rio – LIESA, dos bicheiros do Rio de Janeiro, acabará reivindicando tais incentivos para o carnaval carioca, maior festa popular do mundo. A porta foi aberta com a autorização passada do Ministério da Cultura, para que a escola de samba Acadêmicos da Rocinha capture R$ 2 milhões através da Lei Rouanet.

O Governador moribundo de Brasília, José Roberto Arruda (ex-DEM), já iniciara tal processo de subsídios, destinando três milhões de reais à escola de samba Beija-Flor, palco dominado pelo capo Anísio Abraão, recentemente glorificado pelo Desembargador Alberto da Motta Moraes, ex-presidente do TER-RJ, o que até motivou sua não recondução ao cargo.

LULA x TEMER

Do alto dos seus 80% de aprovação popular, o Presidente Lula confirma a acusação do ex-presidente Itamar Franco: “Ele pensa que tudo pode!”.

Neste mês – sorte da proximidade do recesso do Congresso, até fevereiro – Lula resolveu intervir no PMDB. Mais que isso, resolveu desalojar seu bem avaliado presidente, Michel Temer, da confortável posição de iminente Vice da candidata do seu partido (PT), Dilma Rousseff, à presidência da República.

Lançada candidata, há mais de um ano, com o objetivo único de estancar as temerosas preocupações da oposição com eventual terceiro mandato, Lula foi, aos poucos, obrigado a assumir a irreversibilidade da candidata. Primeiro porque, mesmo para Lula, a tese de um terceiro mandato mostrou-se impopular. Além de receber a repulsa de toda a sociedade jurídica e da consciência política, ainda existente no País. Destaque-se – acima de tudo – o desastre praticado pelo ex-presidente deposto Manuel Zelaya, ao tentar um terceiro mandato, despertando a ira dos EUA.

O HOMEM: Lula, neste momento, não é mais, para os EUA, “o homem” apontado por Barak Obama, no primeiro semestre, a partir do momento em que recebeu o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, fazendo coro com ele em favor do domínio da tecnologia nuclear. Ainda conseguiu levar Obama à China, tentando a concordância do País na redução dos gases. Ouviu, surpreso, desabafo e advertência dura da Secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, a propósito da simpatia para com o Irã.

Lula foi, então, buscar satisfazer o Presidente do Banco Central (ex-Bank of Boston), Henrique Meirelles, para Vice de Dilma. Meirelles se recém filiara ao PMDB, no apagar das luzes do período, que o habilitasse a ser elegível! Mas, nunca teve condições de aspirar senão uma vaga ao Senado, ou mesmo, a incerta candidatura ao Governo do seu Estado (Goiás), o que o levaria, na verdade, a confronto com seu amigo, Marconi Perillo, candidato a retornar ao posto! E que o apresentou a Lula!

A REAÇÃO: o PMDB, naturalmente, reagiu à estocada de Lula, consolidada na revoltante proposta de que o partido apresentasse lista tríplice, com nomes do partido para serem submetidos à Dilma. A coisa ficou preta, quando vazou que, ainda por cima, a lista deveria incluir Meirelles. O que mereceu a indagação desafiadora do Deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ): - “Porque o PT não nos apresenta, também, lista com nomes de outros pré-candidatos, além da Dilma, para que escolhamos o candidato presidencial que apoiaremos?”. Faz sentido!

A verdade é que Lula não se deu conta, ainda, que o pragmatismo do PMDB vai-lhe cobrar caríssimo o apoio à sua candidata. Agora, até com bastante desconfiança. Há a ameaça, velada, do partido acabar engordando a candidatura do Governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Ou mesmo tornar crível a candidatura presidencial do Governador do Paraná, Roberto Requião, até hoje vista com desdém. Mas que anima setores do partido, fanatizados pela candidatura própria. Que Requião empurra – até sem confiança – desde 1994.

E há, também, o exemplo preocupante dos 80% de aprovação da Presidente do Chile, Michelle Bachelet (Partido Socialista) não ter sido transferidos para o candidato Eduardo Frei Ruiz (Partido Democrata Cristão), seu aliado, na Frente Concertación – Socialistas e Democratas-Cristãos.

A SUPRESA: a popularidade de Lula, afinal, pode ser surpreendida pela derrota de sua candidata, como ocorreu no Chile! Por outro lado, a polarização entre a candidata de Lula e o candidato de FHC, desgastado e varrido da memória eleitoral do próprio PSDB, ainda pode prevalecer... Seguramente isso, afinal, só pode acontecer se Dilma Rousseff e sua campanha dispuserem do tempo de rádio e TV destinado ao PMDB pela campanha eleitoral...

É como este trunfo que conta Michel Temer, presidente e virtual candidato a Vice-Presidente pelo partido.