quarta-feira, 4 de março de 2009

Do “concertacion” à “desconcertacion”!

- “Lula não transfere!”

Durante meses a mídia argentaria, de viés paulista, sobretudo, sustentou o Governador José Serra (PSDB) como imbatível e inevitável candidato quase vitorioso das oposições (PSDB-DEM-PPS, etc.).

Isso depois que Lula recusou quaisquer tentativas de um terceiro mandato. Lembrando que o terceiro mandato foi tentado por Carlos Saúl Menem, na Argentina, e FHC, no Brasil, liquidados pela ruína do seu aliado peruano, Alberto Fujimori, que obteve e... acabou deposto e preso! Com FHC acantonando seu “operador”, Augusto Montesinos, para quem acabou obtendo asilo no Panamá, forçando à Presidente daquele País. Montesinos, também, está preso, depois de extraditado!

Um cientista social de Brasília – “cuidado com cientistas sociais!”, faço coro com o notável jornalista Mauro Santayana, doutor em Ciências Sociais e Jurídicas, mais e melhor do que qualquer desses emproados acadêmicos – chegou a afirmar que nem Getúlio Vargas transferiu votos em 1946...

Como não, rapaz? O General Eurico Gaspar Dutra, militar, sem militância política, foi eleito com o apoio de quem? Dos generais Camrobert e Mascarenhas de Moraes? Senhor cientista político, recorde que Getúlio Vargas, depois de retornar, já eleito à presidência (1950), mesmo morto, elegeu seus candidatos, Juscelino Kubitschek (PSD) e João Goulart (PTB), respectivamente, Presidente e Vice da República (1960). O próprio Deputado Federal Jânio Quadros (PTB-SP) se elegera Presidente (1960) em “dobradinha” suprapartidária com o reeleito Vice-Presidente João Goulart, com o movimento “Jan-Jan”, capitaneado pelo Senador paranaense Nelson Maculan.

O problema atual da cena política brasileira é que Lula não apenas transfere votos, mas, sobretudo, coopta seguidores (agentes eleitorais), como os próprios ACM e Sarney (em 2002), Michel Temer, Moreira Franco, Gedel Vieira Lima, Edson Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá, Waldir Raupp, etc. E como faz, agora, com o Senador Osmar Dias (PDT-PR), um tucano arrependido, que lhe fazia oposição velada, até o fim do ano parlamentar passado (2008).

Cooptando adversário, Lula não teve oposição nos seus seis e meio anos de governo! Sua situação popular só perigou no episódio do “mensalão”, embora o principal acusador, o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), fizesse questão de poupá-lo o tempo todo...

- “Vamos deixá-lo sangrar! Deixá-lo sangrar!

Esta sugestão do “sociólogo da Vale do rio Doce”, FHC, tropeçou num terrível (e surpreendente!) fato novo: “o mensalão era de origem mineira...”. Enterrados até os pescoços, o ex-Governador Eduardo Azeredo (PSDB) e seu vice, Mares Guia (PTB) “haviam posto a mão-na-massa, até onde não deviam, no movimento de capitais, alavancados e lavados por Marcos Valério e sua turma...”.

Senador influente, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) cobrou sua inocência no Senado, com todo apoio e ajuda do trânsfuga, seu colega, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), transformado em “kamicase-da-ética”, aspirante à vice na chapa de José Serra (que, a esta altura melada, mesmo antes do dossiê Queiroz Galvão, da CPI sobre a gestão de Vasconcelos na Prefeitura do Recife). E o mensalão acabou, mineiramente abafado...

Tamanho desgaste da classe política, com respingos até em seu governo (Paloci e o próprio Mares Guia), levaram o Presidente Lula a se inspirar no exemplo do ex-Presidente socialista do Chile, Ricardo Lagos (PS), que avaliando o desgaste da aliança com o Partido Democrata Cristão (dos ex-Presidentes Patrice Alwyn e Eduardo Frei, filho–apoiadores do golpe que depôs o Presidente Salvador Allende, em 1973), no que ficou denominada de “concertacion”, mas que se consolidou na eleição de sua sucessora, a sua Ministra Michelle Bachelet (última da ditadura Pinochet).

E, então, surgiu Dilma Rousseff (PT-RS), que, pelo visto, está se transformando em verdadeira “desconcertacion” para as oposições e o seu candidato José Serra (PSDB-SP).

E a consolidação da chapa Dilma (PT-RS) e Michel Temer (PMDB-SP), racha São Paulo, mormente, depois que o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), desgrudando de Serra (mordido pelo golpe-de-mão, que foi a cooptação do Geraldo Alckmin), anunciou-se, também, pré-candidato à Presidência, arrancando prévias em seu partido, deixando Serra apavorado ante a iminência de racha descomunal...

O PSDB (dos tucanos) e o PFL (dos Demos) estão à beira é de ataque de nervos!

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