terça-feira, 31 de março de 2009

Medidas nem tão provisórias..., definitivas...

A contradição maior da Constituição Brasileira de 1988, moldada - na parte mais significativa do seu conteúdo – para funcionar num regime parlamentarista, era a definitibilidade (!) das medidas provisórias. Nem sua origem, no Direito Italiano, acentuava princípio dominante no processo legislativo brasileiro, que as tornava, na realidade, medidas definitivas!

Além do trancamento da pauta de votações, o entupimento congressual que a volumosa remessa de tais Medidas promovia, liquidava o Poder Legislativo, que ainda nem recuperou os poderes do orçamento impositivo, fundamental característica de sua autonomia e importância. O orçamento, ainda, é meramente autorizativo... O governo o cumpre se quiser!

Ora, o presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer (PMDB-SP), reconhecido constitucionalista, se opôs ao trancamento desta pauta, interpretando que o artigo 62 da Constituição prevê que MP’s só podem ser editadas sobre assuntos cobertos por leis ordinárias e que, por este motivo, proposta de Emenda à Constituição (PEC’s), projetos de Lei Complementar, Resoluções e decretos legislativos podem ser votados mesmo que a pauta esteja trancada.

E o Ministro Celso Mello, do STF, acompanhou tal entendimento... negando pedido do DEM, do PPS e do PSDB para suspender a decisão de Michel Temer.

Quem ganha com a crise...

... no caso de descoberta de algum vazamento, tem-se que providenciar seu estancamento para, então, depois se encher a caixa d’água...”.

Metáfora mais inteligível o Presidente Lula não poderia encontrar para dar seu recado aos geradores da crise internacional, da qual os países emergentes, como o Brasil, sofrem as conseqüências. Aproveitou sua presença em Viña del Mar, Chile, onde ocorria a Cúpula de Lideres Progressistas, ao lado do premier britânico Gordon Brow, do Vice-Presidente dos EUA, Joe Biden, do chefe do governo espanhol, José Luís Sapatero, da Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e do Presidente do Uruguai, Tabaré Vásquez.

Enquanto isso, suas declarações da semana passada, que ganharam acústica na imprensa internacional, destacando-se jornais como os ingleses The Times e Financial Times, - “... a crise foi causada, fomentada, por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que, antes de tudo e agora, demonstra não saber de nada...” - causavam frisson, no Brasil.

Como o Presidente Lula utilizou metáforas – e “metáforas não se explicam, são óbvias e cada um tem sua versão” (“seu entendimento”, aperfeiçoaríamos) explicou, também em Viña del Mar, o assessor especial da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia – permitiu as mais desbaratadas especulações dos mais infelizes críticos, ávidos em buscar brechas para exercer a crítica. Crítica não convincente... diga-se de passagem!

Evidentemente que a declaração de Lula “não teve qualquer conotação racista...”. Foi uma crítica aos autores e, ao mesmo tempo, beneficiários da crise...

Foram os banqueiros (e especuladores) que desmoralizaram e implodiram o mercado de crédito nos EUA!

A partir do Governo Ronald Reagan (1981–1989), os EUA optaram pela desregulamentação e da liberdade para o mercado. Nos últimos anos (governo Bush), isso se ampliou, sob a direção do então Presidente do FED (o banco central norte-americano), Alan Greenspan.

OBAMA E OS BANCOS: LÁ!

Agora, o Presidente Obama tem reiterado a intenção de seu governo em aumentar a regulamentação e supervisão sobre o mercado financeiro.

Reparem que, hoje, no Brasil, que defende o contrário – a descontrolada ação libertária do nosso Banco Central do Brasil – é o governador de São Paulo, e pré-candidato do PSDB à Presidência da República brasileira, José Serra. É quase sua total privatização!

Após o desastre que se seguiu à quebra do banco Lehman Brothers, em setembro, e aos resultados do último trimestre de 2008 (que levaram à intervenção estatal), os bancos norte-americanos teriam voltado a sofrer grandes perdas no último mês. “Março foi um mês muito duro...”, afirmou, após o encontro com Obama, faz poucos dias, o presidente do JP Morgan, Chase, Ken Lewis.

Obama reiterou a intenção de seu governo de aumentar a regulamentação e a supervisão sobre o mercado financeiro.

Hoje, os bancos norte-americanos são acompanhados de perto pela FDIC, agência federal que garante os depósitos bancários. Mas há muitos produtos oferecidos pelos bancos e por braços financeiros de empresas, nos últimos anos, que escapam dessa fiscalização. Também estão fora do radar da SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA). Obama quer mudar isso, através de nova legislação federal.

Até o ex-presidente do FED, Alan Greenspan, admite que “um novo sistema e controle tornou-se necessário, porque algumas instituições se tornaram grandes demais para quebrar, o que levanta preocupações sobre riscos sistêmicos (quando um fato isolado compromete todo o resto)...”, opinou.

Como observou Fernando Canzian, correspondente da Folha SP, “o ex-presidente do FED agora defende (coisa que não fez no passado) que os grandes bancos acumulem mais garantias reais, do que o fazem hoje para garantir suas operações. Na prática, isso tende a diminuir o poder de “alavancagem” (empréstimos sem garantias reais), que os bancos têm hoje.”.

A CRISE E OS BANCOS

A coisa mais estranha das reações à “crise”, encomendada pelos bancos e pelo grande empresariado – sobretudo transnacionais – que estimulou demissões em massa, redução das linhas de crédito, promovendo falta de confiança do próprio consumidor, é a chantagem a que é submetido o governo.

Depois de liberar parte do dinheiro retido (compulsório) como garantia operacional dos ativos bancários, o Banco Central, em nome do governo federal, para que os grandes bancos comprassem títulos e carteiras de créditos de instituições de menor porte, agora, oferece cerca de R$ 40 bilhões aos bancos, para que emprestem a seus clientes, pagando os bancos taxas menores que as praticadas, atualmente, pelo mercado financeiro.

- “Temos uma oferta de crédito maior. Esses bancos (de menor porte) vão captar a taxas mais baixas. Vão poder cobrar taxas mis baixas dos tomadores de empréstimos...”, explicou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Ora, por que o governo brasileiro precisa de intermediário? Por que oferecer estímulos financeiros a bancos, ainda que pequenos? Por que não emprestar, ele mesmo, diretamente, através de seus bancos oficiais? Que, por sinal, tem operado nas mesmas taxas escorchantes (em alguns casos, como do Banco do Brasil, com taxas maiores do que a média do mercado) da rede bancária privada...

TAXA DE JUROS

Mais de um trilhão de reais de dívida interna.

Taxas de juros fixada pelo COPOM a pagamento de juros de 11,25%.

É algo surpreendente – por que não dizer revoltante?

O fato suicida de o próprio governo fixar a extorsão de que é vítima! E ter impedido o cumprimento do preceito constitucional, através do qual fixava os juros anuais em 12%. Paradoxalmente, foi o saudoso Senador Jeferson Peres (PDT-AM) que liquidou formalmente com o artigo (das Disposições Transitórias), inserido pelo Deputado-Constituinte Fernando Gasparian (PMDB-SP).

E o fez, sob o argumento, pífio, de que “juros não podem ser fixados em lei. São frutos da demanda!”. O Senador manteve trajetória de retidão, no exercício do mandato senatorial (embora iniciado no partido de sustentação do neoliberalismo – o PSDB). Mudou para o PDT, no qual conquistou um segundo mandato, más parece que nunca tomou conhecimento de que, no Brasil, os juros são fixados pelo COPOM, organismo misto semi-privado, que dita normas ao Banco Central. Por coincidência, foi outro Senador, também, depois filiado ao PDT (antes era do PT), Cristovão Buarque, que perdeu à reeleição para o governo de Brasília (1998), defendendo a manutenção da equipe econômica e do então Ministro da Fazenda, Pedro Malan (agora UNIBANCO).

SPREAD

Além disso, o problema de crédito no Brasil não é a alta taxa de juros básica (SELIC), mas o “spread” bancário. E o spread se deslocou da SELIC. O spread (diferença entre a taxa que os bancos pagam pelo dinheiro que captam e a taxa pela qual emprestam esse mesmo dinheiro) é alto no Brasil, porque a SELIC é alta. E porque os bancos não precisam emprestar a pessoas e empresas para lucrar, basta que comprem títulos públicos indexados pelos juros estabelecidos pelo Banco Central.

SUPERAVIT PRIMÁRIO...

E chegou a hora, também, de se acabar com a contrafação que é o tal superávit primário! Ora, superávit tem que ser superávit, puro e simples! Para aumentar o superávit, até atrasar o pagamento de dívidas acontece. Aviltá-lo, como mero instrumento garantidor do pagamento dos juros, é acabar impedindo racionalidade na produtividade e rentabilidade...

domingo, 29 de março de 2009

New Deal

Copiando às ações do Presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt, que apostou no adensamento dos investimentos e em iniciativas destinadas a absorver o máximo de mão-de-obra (mesmo sem qualificação), LULA incentivou à construção civil, através de um novo Plano Nacional de Habitação. Ora, é sabido que o setor da construção civil é o que consegue absorver os maiores contingentes de mão-de-obra não qualificada (serventes, pedreiros, etc.).

E entregou toda a execução do Plano à “mãe do PAC”, a Ministra Dilma Rousseff... Vai ser a maior campanha de promoção da sua candidata! Tudo bem! Mas, afinal, que não fique só nisso!

ADENAVER e EHRARD

Nem Lula, nem Dilma, entretanto, têm conhecimento do plano habitacional do pós-guerra, posto em prática na Alemanha Federal, depois de 1945, pelo Chanceler Konrad Adenaver – pai do “milagre alemão” - e seu Ministro da Economia, e depois sucessor, Ludwig Ehrard.

E o fez de forma simples: emitindo moeda!

Ehrard mandou levantar a soma de recursos necessários à implantação do magnífico plano habitacional, por eles sonhado. A Alemanha era autossuficiente na produção dos insumos necessários à construção civil. Bastava haver moeda, numerário suficiente para sua aquisição! Somaram-se tais custos, dos insumos (areia, cimento, pedra, vergalhões, etc.) aos da mão-de-obra. E, então, foi emitida moeda correspondente à quitação destes custos! Exclusivamente!

Com as habitações prontas e entregues, à medida que eram quitadas, a soma das prestações recolhidas era incinerada (retirada, pois, do meio-circulante), até totalizar, integralmente, a sobrequantia emitida. Resultado: não houve aumento da inflação... Porque moeda é instrumento de confiança! O prestígio e a fé populares em Adenaver garantiram a operação!

Lula poderia fazer o mesmo, transformando Dilma Roussef numa espécie de Ludwig Ehrard, contemporâneo... Sua credibilidade propicia, ainda, ações de maior alcance... Como, por exemplo, a quitação da dívida interna (com os bancos), avaliada, hoje, em mais de um trilhão de reais!
Afinal, por que não emitir esse mais de um trilhão de reais, quitar a dívida com os bancos, entupí-los de moeda – e liquidez – obrigando-os a baixarem os escorchantes juros, que desmoralizam quaisquer governos?

Aliás, conjunturalmente, a emissão de grande quantidade de moeda – além de tudo – passa a ser eminentemente virtual! Mesmo grande quantidade de entrada de moeda limita-se, na realidade, a meros registros de dados, rubricas em computadores dos órgãos fiscalizadores, como o Banco Central. Logo, nem há perspectiva de aumento da inflação, que passaria ser virtual também!

Não haveria, em verdade, aumento de moeda circulante!

sábado, 28 de março de 2009

A crise

Mas, afinal, a crise chegou ou não ao Brasil?

Claro que chegou – sobretudo na cabeça das pessoas – alavancada pela quase unanimidade da opinião midiática, pelos telejornais das emissoras da Rede lobo de Televisão.

É uma crise do capital especulativo, nos grandes centros, sobretudo dos EUA e da União Européia. Aqui, chega-nos como novo saque do capital banqueiro, através de suas instituições, que desempregam, cada vez mais, tanto quanto cobram mais dinheiro do governo para que “eles” concedam mais empréstimos... Empréstimo, no Brasil, é quase dádiva!

Não falam mais, nem se lembram, de que eram os grandes críticos do déficit público, condenando investimentos, tanto quanto “transferências” (na realidade “aumento”) de renda para as classes menos favorecidas... E, por conseguinte, opositores dos programas sociais!

Mas, continuam resistindo à queda dos juros, promovida em doses homeopáticas, enquanto continuamos sujeitos às contrafações, como esse tal de “superávit primário”. No fundo, ele existe para camuflar e despistar sobre os detalhes constitutivos e manutendores dessa imoral dívida interna, que já ultrapassa um trilhão de reais. É, sobretudo, através dela que se esbalda o capital argentário, improdutivo (porque meramente especulativo) e selvagem, que gigola a vida econômico-financeira de um País, que não consegue se livrar de amarras a este argentarismo antinacional.

Exportações

No passado, aquela política do “exportar é a solução”, do Ministro Delfim Neto, objetivava dar garantias de pagamentos aos nossos emprestadores.

O Brasil necessitava de divisas, a qualquer custo! Importava até o supérfluo, com exagero! Além disso, valores de empréstimos eram aumentados, em demasia, para o fechamento de contas... As exportações serviam, ainda, para caucionar a dívida externa, além de viabilizar a grande remessa de lucros das empresas transacionais, incontroláveis. E, também, a grande exportação de capitais, através de contas CC-5, como no escândalo do BANESTADO, no exterior (USA, Cayman, etc.).

“MAMATAS” e “NEGOCIATAS”

Façamos uma abordagem das exportações nas Eras Delfim Neto e FHC.

O exportador tinha direito à antecipação, em dinheiro, do valor da exportação, com um ano para prestar contas. A maioria retirava o dinheiro e o aplicava no mercado financeiro a quase 20% ao mês. E se endividava apenas a 7% ao ano... E só promovia a exportação na reta final, às vésperas do vencimento do prazo de pagamento da antecipação.

Outra coisa: através de operação triangular, subfaturava o valor da exportação. Vendia para uma Trade cúmplice no exterior, a preço aviltado, e ela revendia os produtos ao preço de mercado, retendo a diferença.

Na Argentina igual política foi levada a efeito pelo ex-Presidente Carlos Sul Menen. A situação complicou-se, agora, quando o casal Kirchner, através da Presidente Cristina, achou que era momento de taxar a exportação dos produtos agrícolas, única riqueza internacional de um País saqueado nas últimas décadas pelo imperialismo transnacional do capital avarento e parasitário. E com brutal déficit energético.

No Brasil de FHC os banqueiros (setor mais poderoso de nossa burguesia) atiraram-se com gulodice às novas oportunidades dos bons negócios, que a Era FHC proporcionava. Juros altos, PROER, liberação das tarifas, privatizações, incorporações e fusões, falências, financiamentos de importações... Era a festa!

Uma festa que levou à euforia de alguns setores, que sonharam a formação de imaginado e poderoso capital nacional, como aconteceu em economias do primeiro mundo. Os cinco maiores bancos brasileiros, aproveitando a asfixia da burguesia industrial, comercial e agrária, aumentaram seus investimentos (e controle) em empresas de fora do mercado financeiro, em mais de 60%. Com a privatização-doação de estatais, a preços aviltados, depois, então, fizeram a festa: desfizeram-se de algumas, obtendo lucros fabulosos, imensuráveis...

Este capital financeiro, ao especular nas bolsas de mercadorias (commodities), inflou o preço dos alimentos. Veio a crise, sobretudo especulativa. Antigos produtores rurais vivem, agora, em habitações precárias, de baixa renda, sem se beneficiarem da venda destas commodities agrícolas e, paradoxalmente, ao comprá-las para seu consumo. Acontece que o Governo não intervém, efetivamente, para colocar justiça e ordem nestas questões. Não há tabelamento de preços, como havia até 1964, Conselho Interministerial de Preços (o CIP e a SUNAB – Superintendência Nacional de Abastecimento – foram extintos, quando deveriam ser mantido, ainda que higienizados dos seus vícios.

domingo, 22 de março de 2009

Mulher de César

- “Não bastava à mulher de César ser honesta, era necessário prová-lo!

Com estas palavras, o Deputado Federal Marcelo Itagiba (PMDB-RJ) – nome mais destacado da bancada fluminense, possível candidato ao Senado em 2010 – reagiu ao noticiário sobre a participação do escritório de advocacia, do qual faz parte a Primeira Dama Fluminense, Adriana Anselmo, em ações e combinações entre clientes e o Estado do Rio, desde a posse do seu marido, Sérgio Cabral, no Governo do Estado (2007).

A imprensa foi quase unânime em condenar o que considerou favorecimento e tráfico de influência... E não faltou estardalhaço!

Reconhecemos que não é compreensível tal situação, tendo em vista à total incompatibilidade entre a situação de mulher do Governador e o relacionamento contratual com fornecedores do Governo do Estado.

Na semana passada, o Governador Sérgio Cabral foi vitima de estrepitosa vaia, que atribuiu à orquestração do Prefeito Lindberg Farias (PT de Nova Iguaçu), em Cabo Frio, ao dividir o palanque com o Presidente Lula...

Apuradas as coisas, Cabral foi é censurado pela imensa comunidade campista (de Campos dos Goytacazes, RJ – terra do casal de ex-Governadores Rosinha e Anthony Garotinho), que migrou para a cidade, revoltada com o apoio dado por Cabral ao candidato (agora cassado pela Justiça Eleitoral) do PSDB, Marquinhos Mendes. Cabral pertenceu ao PSDB até 1998!

TSE pede 250 para novas urnas


O Presidente do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Carlos Ayres Britto, pediu ao Presidente Luís Inácio Lula da Silva R$ 250 milhões, para modificar a urna eletrônica para as eleições de 2010.

A Justiça Eleitoral quer implantar o cadastro biométrico dos eleitores para as eleições de 2010.

- “O cadastro biométrico significa mais um passo em direção ao aperfeiçoamento do processo eleitoral, evitando fraudes. Para isso, precisamos fabricar 100 mil urnas eletrônicas biométricas já agora em 2009...”.

Há natural encantamento - até justo – da magistratura com os avanços tecnológicos na apuração das eleições. Suplanta as preocupações com a lisura dos pleitos e verdade dos resultados.

Há um justo orgulho com a velocidade na apuração das eleições, da qual o Brasil se transformou em vanguarda.”, não se cansam de propagar todas as autoridades eleitorais.

Mas, e o capítulo segurança das urnas?

O Senador Roberto Requião (PMDB-PR) aprovou, há cerca de dez anos, a inclusão de aparelho de impressão do voto anexado à urna. Seria o garantidor da prova dos votos, propiciando o direito à recontagem, previsto no Código Eleitoral, mas, impossível a partir da instalação da chamada urna eletrônica rejeitas por 181 países.
O dispositivo de impressão virou lei, que deveria ser cumprida a partir de 2006. Em 2002 foi experimentado em Brasília... com sucesso!

Nas eleições de 2006 diversas fraudes nas urnas eletrônicas e, conseqüentemente, em vários pleitos, em todo o País, mereceram criticas do até então Presidente do TSE, Ministro Marco Aurélio.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Quem com Serra fere, com Serra será ferido

Já não convence a tese de que o Governador de São Paulo, José Serra (PSDB), seria o grande pré-vitorioso às eleições presidenciais de 2010! Na verdade a pré-campanha de Serra – aparentemente hegemônica, ante a impossibilidade do Presidente Lula disputar um terceiro mandato – começou a fazer água por todos os lados, quando num lance arrojado, cooptou o ex-Governador Geraldo Alckmin (PSDB), tido, até então, como simpatizante da candidatura do Governador mineiro Aécio Neves (PSDB).

Aécio sentiu a estocada, devolvendo-lhe o tranco, com a defesa das “prévias” no partido, acabando com a destinação monocrática (de FHC, sobretudo!) da escolha de outro candidato de São Paulo à Presidência da República pelo o partido. A verdade é que, desde Mário Covas (1989), Serra (2002), Alckmin (2006) – passando por FHC (único eleito – 2004 - e depois reeleito em 1998), o partido passou a ser mero apêndice da política do poder paulista, que os diretórios estaduais do País inteiro, e seus eleitos, não suportam mais. O Senador tucano cearense, Tasso Jereissati (PSDB), já viu seu grande aliado, Ciro Gomes, deixar o partido por isso.

O PSDB de Minas, ante a ruína de Eduardo Azeredo (que não conseguiu a reeleição em 1998, derrotado pelo ex-Presidente Itamar Franco), envolvido nas origens do “mensalão” (com seu Vice, Mares Guia, Valério, Bancos Rural e BMG, etc.) recuperou-se nos dois mandatos de Aécio Neves.

O PSDB do Rio de Janeiro, falido na ruína de Marcelo Alencar e com a saída de Sérgio Cabral (para o PMDB), foi obrigado a recorrer aos préstimos do Partido Verde, com o Deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) para fixar seu pé na capital. Embora, ainda verde, Gabeira chega a ser apontado como possível candidato até à Presidência da República (como Barak Obama tupiniquim), por quem não aceita o racha (nem a polarização bipolar) entre Aécio-Serra...

SUL, NÃO TÃO MARAVILHA

Com a provável liquidação eleitoral da Governadora gaúcha, Yeda Crusius, as ameaças que pairam sobre o mandato do Governador catarinense, Luís Henrique (PMDB), que já se indispôs com Serra (2002), pulando no palanque de Lula e salvando a sua eleição, e com o inegável “racha” entre o Prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB) e o Senador Álvaro Dias (PSDB), influente preferência do Diretório Nacional do partido, o pré-candidato presidencial do PSDB não pode, a rigor, contra com a tradicional preferência do eleitorado dos Estados do Sul.

No Rio Grande o Senador Pedro Simon (candidato ao Governo?), o Prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, e o ex-Governador Germano Rigotto, são nomes do PMDB muito mais fortes do que Yeda Crusius... no caso de tentativa de reeleição.

Resta, apenas, saber como marcharão o PSOL, de Luciana Genro, o PCdoB, de Manuela D’Avila, e o PT, do Ministro Tarso Genro, que não esquece a derrota de 2006. Aliás, é voz corrente que, no afã de tirar Tarso Genro do segundo turno (2006), o PMDB, de Germano Rigotto, engordou os votos de Yeda Crusius (PSDB), não mais conseguindo-os retirar... A manobra acabou prejudicando-o! O tiro saiu pela culatra!

Nos EUA, nas eleições do ano passado, Bush Filho e a CIA potencializaram o desconhecido Barak Obama, para estraçalhar a, até então, hegemônica Hillary Clinton, e, também, depois, perderam o controle do pleito. Milhares de pequenas contribuições incontroláveis (via internet, inclusive) chegaram às contas da campanha de Obama, num resultado semelhante ao que ocorreu no Brasil, em 1960, quando o Movimento Popular Jânio Quadros multiplicou garrafões de vidro (transparentes) por praças e logradouros de todo o País, na continuidade da campanha do “Tostão contra o milhão!”.

Era convincente todas aquelas notas (cruzeiros) de pequena monta, vistas pela multidão nos garrafões de vidro pro todo o Brasil...

Clodovil e Maluf

O Deputado Clodovil Hernandez (PR-SP), falecido esta semana, estava na tribuna da Câmara, sem que qualquer dos seus colegas prestasse a mínima atenção no seu discurso:

- “Não sei o que é decoro parlamentar, antes essa conversação toda, e falta de atenção com um colega...

Foi o bastante para que o Deputado Paulo Mauf (PP-SP) fosse à tribuna congratular-se com o orador...

Ao que Clodovil retribuiu:

- “Agradeço ao Deputado Paulo Maluf, mas quero ressaltar que cheguei à esta Casa fruto do meu esforço, sem me envolver em qualquer escândalo na vida pública...”.

O constrangimento não foi apenas de Maluf...

quinta-feira, 19 de março de 2009

Aeroportos – RIO x SP

Um dos fatores do esvaziamento do receptivo turístico do Rio de Janeiro – ainda o polo maior de ingresso de turistas no País – foi a liquidação da transportadora aérea VARIG.

Basicamente, o fenômeno turístico tem três componentes vitais: agentes de viagens, setor de hospedagem (que, também, compreende alimentação e entretenimento) e transportadoras.
O duopólio GOL/TAM (gerado pelo fim de concorrentes do mesmo porte, como Transbrasil e VASP) acabou transformando os aeroportos de SP (mormente Congonhas) em distribuidores de vôo (hub). Vôos de todos os pontos do País, principalmente vindos de capitais, foram transformados em alimentadores da ponte-aérea Rio-SP (no sentido contrário). Chegava-se ao absurdo de sobrevoar o Rio de Janeiro – em vôos do norte, nordeste Minas Gerais e Espírito Santo – mas desembarcar na capital de São Paulo.

Com o aumento dos chamados vôos charter para o nordeste (sobretudo, para Fortaleza, Recife e Salvador), e o desembarque das conexões serem intermediadas pela ida para São Paulo, o Rio foi tendo esvaziada a sua posição de “portão de ingresso de estrangeiros” no País, incólume, apenas, durante o período de carnaval. O que foi provocando o cancelamento de diversas linhas internacionais.

Em 2005, o antigo Departamento de Aeronáutica Civil – DAC houve por bem limitar o Aeroporto Santos Dumont à ponte-aérea Rio-SP e vôos regionais.

Como acentuou o Senador fluminense Regis Fichtner (PMDB/RJ), atual Chefe da Casa Civil do Governo do Rio, em artigo publicado no O Globo, em 14/03/09:

- “Dezenas de vôos semanais para os principais destinos foram transferidos para o Galeão, que renasceu. (e vice-versa. Nota do blog). Milhares de passageiros voltaram a freqüentá-lo. O comércio floresceu, mas suas mazelas vieram à tona. E surgiu o debate sobre a necessidade de sua reforma e até da mudança na forma de exploração. O Rio, porém, reconquistara muitos vôos internacionais diretos. Hoje se voa do Galeão direto para Paris, Londres, Lisboa e Madrid, e há boas chances de haver vôos diretos para Roma e Frankfurt.

Neste momento, a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, sucessora do DAC, quer voar para trás e abrir o Santos Dumont para qualquer destino. A ANAC abdica de seu papel central de reguladora do transporte aéreo, permitindo que as companhias escolham livremente as rotas que querem operar.”.

O Senador licenciado Regis Fichtner destaca, ainda, que:

- “no Rio, ao contrário de S. Paulo, Nova Iorque, Paris e outras grandes cidades, não há passageiros em número suficiente para que os dois aeroportos possam formar hubs.

O celular de Tião

O Senador José Sarney (PMDB-AP) não consegue dissimular o riso. Bombardeado por uma sucessão de escândalos no Senado, descobriu, com certa satisfação, que seu rival, Senador Tião Viana (PT-AC) entregou um de seus (dois) celulares funcionais à sua filha, que com ele viajou para o México.

Tião Viana garantiu que sua filha não efetuou chamadas... Mas, em seguida, incoerentemente, declarou:

- “Eu emprestei por questões de segurança! Para poder falar com ela! Mas assumo a inteira responsabilidade; vou pagar! “.

NOCAUTE NA OPOSIÇÃO

O fato teria importância reduzida não tivesse Tião Viana disputado a candidatura à presidência do Senado – há menos de dois meses - pela oposição (PT-PSDB, sic), como paradigma de mudanças moralizantes na Câmara Alta...

Senadores que se opuseram à escolha de Sarney acabaram pondo a “viola no saco”, recusando-se a comentar o episódio...

Mas Tião Viana foi à tribuna:

- “Quando se imagina que a Casa está preparada para um debate altivo sobre o que se passa aqui, meia-dúzia de fofoqueiros prefere fazer insinuações de corredores sobre minha dignidade...”.

Acontece que, até este episódio, o Senador petista, inconformado com a derrota para Sarney, era acusado de fornecer informações para a imprensa sobre a administração do Senado.

Collor e Jânio

Conta o ex-Deputado Federal Paes de Andrade – presidente de honra do PMDB – que estava em Roma, para o lançamento do seu clássico sobre as Constituintes Brasileiras, e acabou convidado pelo Embaixador do Brasil na Itália, Alves de Souza, para um almoço com o ex-Presidente Jânio Quadros, no célebre Palácio Dora Panphili, sede da Embaixada brasileira em Roma.

Em meio ao almoço, chega o Presidente Fernando Collor, que saúda Jânio Quadros:

- “Meu Presidente!”.

- “Presidente é o senhor, aliás, um muito jovem Presidente...”, respondeu Jânio.

- “Tenho a mesma idade com que o senhor assumiu à Presidência da República: 46 anos!”, respondeu Collor.

- “Pois é, meu filho: e deu no que deu!”, arrematou Jânio.

Fora uma autocrítica ou premonição de Jânio?

Sérgio x Garotinho

Dois dias no Rio de Janeiro, para iniciar as comemorações pelo aniversário (10/03) e que prosseguiram em SP (16/03) e Brasília (17/03), serviram para que o ex-Ministro e Deputado José Dirceu pacificasse o clima beligerante entre o Governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) e o Prefeito de Nova Iguassu, Lindberg Farias (PT).

Na terça-feira, dia 10/03, Cabral, no palanque do Presidente Lula em Cabo Frio, culpou e criticou, ali mesmo, na lata, Lindberg, responsabilizando-o como o orquestrador da monumental vaia que levou na cidade de Cabo Frio.

Lindberg (PT), surpreso, engoliu o desaforo!

Nem tomou conhecimento de que Cabo Frio – para onde se dirigiu a população de baixa-renda, depois da ruína da agricultura canavieira do norte fluminense, mormente adjacente à cidade de Campos dos Goitacazes, hoje governada pela ex-Governadora Rosinha Garotinho (PMDB), forte reduto (além de originário) do marido, o ex-Governador Anthony Garotinho (presidente do PMDB-RJ), francamente hostil à Sergio Cabral, contra quem pretende disputar o Governo do Estado em 2010.

Além do mais, a população de Cabo Frio ainda se encontra revoltada com o apoio dado pelo Governador Sérgio Cabral à candidatura do Prefeito sub judice de Cabo Frio, Marquinhos Mendes (PSDB), por gestões do seu líder na Assembléia Legislativa, Deputado Paulo Melo (PMDB), contra o candidato do seu partido, o ex-Prefeito (por três mandatos) Alair Correa (PMDB).

Alair, em véspera de assumir à Prefeitura de Cabo Frio, com a cassação do Prefeito sub judice Marquinhos Mendes, que teve, inclusive, seus direitos políticos suspensos por três anos, e que tomou posse com base em liminar judicial cassada (em Mandato de Segurança) pelo TRE-RJ, provavelmente, apoiará a candidatura de Anthony Garotinho, que se oporá à de Sérgio Cabral. Garotinho já aventou até a hipótese de ser candidato pelo PTB!

sexta-feira, 6 de março de 2009

BSB – Meta do tráfico

Autoridades do Distrito Federal estão muito preocupadas com a exportação do crime organizado da Baixada Fluminense para a capital federal.

Fenômeno parecido ocorreu na famosa Região dos Lagos no Estado do Rio de Janeiro (Arraial do Cabo, Araruama, Búzios, Cabo Frio, Maricá, Itaipuassú, São Pedro da Aldeia, Iguaba, etc.). O aparentemente inocente jogo-do-bicho, influente nos espetáculos de carnaval e futebol, foi ampliando seus tentáculos, sobretudo na venda de exctasy para a juventude dourada veranista. Hoje, o predomínio já é o comércio de crack, incontido na região, e que já corrompeu significativos efetivos da atividade policial.

Desde que o capo carioca Castor de Andrade, Presidente do Bangu A.C. (que teve como um dos antecessores até um Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ari de Azevedo Franco), misturou o jogo-de-bicho (apenas capital-de-giro), sem, entretanto, o confundir (casa-de-apostas sem qualquer tipo de droga era a ordem rigorosa e ameaçadora) com a droga. Era trazida para o Rio, embalada no peixe oriundo de sua pesqueira, em Arraial da Ajuda, Porto Seguro, BA. O comércio da droga só se tem expandido no sudeste brasileiro.

Castro chegou a se associar (na Metalúrgica Castor) ao sogro de um dos filhos do General João Batista Figueiredo, Chefe do SNI, através do qual prestou relevantes serviços aos órgãos de segurança, inclusive, na tentativa de fraude do resultado das eleições para o Governo do Estado do Rio de Janeiro , em 1982, quando houve a tentativa de furtar a eleição de Brizola. A Metalúrgica Castor acabou sendo destacada fornecedora das Forças Armadas (pasmem!).

Rede Globo

Através de amizade construída com o então todo-poderoso Vice-Presidente de Operações José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o “Boni”, ao qual homenageava com banquetes e vinhos raros, nos períodos de lazer marítimo entre Angra dos Reis e Ilha Grande (RJ), o capo Castor conseguiu influência total na organização (e comando) dos festejos do carnaval carioca, criando e dominado a Liga das Escolas de Samba (que substituiu a desmoralizada Federação das Escolas de Samba do Rio). Esta passou o domínio dos espetáculos para a magnificente apresentação de escolas de samba de fora da cidade do Rio, como a Beija-Flor, de Nilópolis (comandada pelo seu sucessor, o capo Anísio Abraão David), a Grande Rio, de Duque de Caxias (comandada pelo, agora, confortavelmente, ex-bicheiro – segundo suas próprias palavras – Jaíder Soares, não por acaso, o preferido de astros e estrelas da TV Globo), e às das com sede na própria Baixada Fluminense (e sede falsa no Rio). Além da escola Viradouro, de Niterói, comandada pela família do finado banqueiro-do-bicho Monassa.

Estarrecido, o Governador de Brasília, José Roberto Arruda (DEM), está sendo instado a repetir um dos mais graves erros (e crimes cometidos contra a segurança da cidade do Rio de Janeiro) cometidos pelo ex-Prefeito César Maia, quando entregou à LIESA (Liga das Escolas de Samba) toda a condução do carnaval carioca, retirando as atribuições especificas da Empresa Municipal de Turismo da cidade do Rio de Janeiro – RIOTUR.

Relatório sobre narcóticos do Departamento de Estado dos EUA, através do DEA, sugere ao Governo brasileiro que amplie as ações da Polícia Federal (Operação Fênix), antes que o Brasil se transforme numa nova Colômbia, já com as FARC atuando em cidades como Cascavel e Guaira (PR) e Porto Velho, JI-Paraná e Cacoal (em Rondônia).

quarta-feira, 4 de março de 2009

Do “concertacion” à “desconcertacion”!

- “Lula não transfere!”

Durante meses a mídia argentaria, de viés paulista, sobretudo, sustentou o Governador José Serra (PSDB) como imbatível e inevitável candidato quase vitorioso das oposições (PSDB-DEM-PPS, etc.).

Isso depois que Lula recusou quaisquer tentativas de um terceiro mandato. Lembrando que o terceiro mandato foi tentado por Carlos Saúl Menem, na Argentina, e FHC, no Brasil, liquidados pela ruína do seu aliado peruano, Alberto Fujimori, que obteve e... acabou deposto e preso! Com FHC acantonando seu “operador”, Augusto Montesinos, para quem acabou obtendo asilo no Panamá, forçando à Presidente daquele País. Montesinos, também, está preso, depois de extraditado!

Um cientista social de Brasília – “cuidado com cientistas sociais!”, faço coro com o notável jornalista Mauro Santayana, doutor em Ciências Sociais e Jurídicas, mais e melhor do que qualquer desses emproados acadêmicos – chegou a afirmar que nem Getúlio Vargas transferiu votos em 1946...

Como não, rapaz? O General Eurico Gaspar Dutra, militar, sem militância política, foi eleito com o apoio de quem? Dos generais Camrobert e Mascarenhas de Moraes? Senhor cientista político, recorde que Getúlio Vargas, depois de retornar, já eleito à presidência (1950), mesmo morto, elegeu seus candidatos, Juscelino Kubitschek (PSD) e João Goulart (PTB), respectivamente, Presidente e Vice da República (1960). O próprio Deputado Federal Jânio Quadros (PTB-SP) se elegera Presidente (1960) em “dobradinha” suprapartidária com o reeleito Vice-Presidente João Goulart, com o movimento “Jan-Jan”, capitaneado pelo Senador paranaense Nelson Maculan.

O problema atual da cena política brasileira é que Lula não apenas transfere votos, mas, sobretudo, coopta seguidores (agentes eleitorais), como os próprios ACM e Sarney (em 2002), Michel Temer, Moreira Franco, Gedel Vieira Lima, Edson Lobão, Renan Calheiros, Romero Jucá, Waldir Raupp, etc. E como faz, agora, com o Senador Osmar Dias (PDT-PR), um tucano arrependido, que lhe fazia oposição velada, até o fim do ano parlamentar passado (2008).

Cooptando adversário, Lula não teve oposição nos seus seis e meio anos de governo! Sua situação popular só perigou no episódio do “mensalão”, embora o principal acusador, o ex-Deputado Federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), fizesse questão de poupá-lo o tempo todo...

- “Vamos deixá-lo sangrar! Deixá-lo sangrar!

Esta sugestão do “sociólogo da Vale do rio Doce”, FHC, tropeçou num terrível (e surpreendente!) fato novo: “o mensalão era de origem mineira...”. Enterrados até os pescoços, o ex-Governador Eduardo Azeredo (PSDB) e seu vice, Mares Guia (PTB) “haviam posto a mão-na-massa, até onde não deviam, no movimento de capitais, alavancados e lavados por Marcos Valério e sua turma...”.

Senador influente, Eduardo Azeredo (PSDB-MG) cobrou sua inocência no Senado, com todo apoio e ajuda do trânsfuga, seu colega, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), transformado em “kamicase-da-ética”, aspirante à vice na chapa de José Serra (que, a esta altura melada, mesmo antes do dossiê Queiroz Galvão, da CPI sobre a gestão de Vasconcelos na Prefeitura do Recife). E o mensalão acabou, mineiramente abafado...

Tamanho desgaste da classe política, com respingos até em seu governo (Paloci e o próprio Mares Guia), levaram o Presidente Lula a se inspirar no exemplo do ex-Presidente socialista do Chile, Ricardo Lagos (PS), que avaliando o desgaste da aliança com o Partido Democrata Cristão (dos ex-Presidentes Patrice Alwyn e Eduardo Frei, filho–apoiadores do golpe que depôs o Presidente Salvador Allende, em 1973), no que ficou denominada de “concertacion”, mas que se consolidou na eleição de sua sucessora, a sua Ministra Michelle Bachelet (última da ditadura Pinochet).

E, então, surgiu Dilma Rousseff (PT-RS), que, pelo visto, está se transformando em verdadeira “desconcertacion” para as oposições e o seu candidato José Serra (PSDB-SP).

E a consolidação da chapa Dilma (PT-RS) e Michel Temer (PMDB-SP), racha São Paulo, mormente, depois que o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), desgrudando de Serra (mordido pelo golpe-de-mão, que foi a cooptação do Geraldo Alckmin), anunciou-se, também, pré-candidato à Presidência, arrancando prévias em seu partido, deixando Serra apavorado ante a iminência de racha descomunal...

O PSDB (dos tucanos) e o PFL (dos Demos) estão à beira é de ataque de nervos!

Crescimento

Não obstante o crescimento da unidade do Partido dos Trabalhadores em torno da sua candidata, Dilma Rousseff - antes hostilizada por certos setores puristas do partido, pela sua origem trabalhista (PDT-RS) - a preocupação do Presidente Lula com a sustentabilidade da aliança PMDB-PT no Paraná aguçou-se com algumas incursões do candidato tucano, José Serra, no Estado, a partir da exposição em Cascavel, município de forte tonalidade gaúcha, como de resto todo o sudoeste paranaense.

Dilma – um misto de política gaúcho-mineira – está sendo apontada como uma espécie de Michele Bachellet (a chilena que nunca disputou eleições, escolhida pelo então Presidente socialista, Ricardo Lagos, para sucedê-lo na Presidência da República) – tende a encarnar os mesmos ideais da revolução de 1930 (Getúlio Vargas, no RS, e Antônio Carlos, em MG), de rompimento com a política café-com-leite de domínio da política econômica brasileira pelo poderio de São Paulo.

Neste sentido, o candidato paulista José Serra passaria a ser combatido, como o foi o candidato paulista daquela época, Júlio Prestes.

A reeleição da corrupção

Cerca de um mês antes das eleições de 1998, ante o crescimento da candidatura oposicionista de Luís Inácio Lula da Silva, a mídia oficialista paulistana cristalizou a informação de que a falência do País era iminente. O que, de certa forma, era verdade! Mas, o País já “falira” outras vezes durante aqueles quatro primeiros anos de Governo FHC, sempre socorrido por “grandiosos” empréstimos de fontes como o Fundo Monetário Internacional.

A mesma mídia oficialista, acentuando a imagem do “catastrofismo” de gestão (sobretudo da gestão corrupta de FHC), induziu a opinião pública a votar num candidato preparado para enfrentar à crise...

Lula foi ridicularizado em proporções inimagináveis...

Um insistente comercial burlando a proibição de matéria paga eleitoral, veiculado pelas Organizações Odebrecht, comparava, indiretamente, o candidato Lula a analfabeto... E concluía: “... se o seu candidato não sabe... mude de candidato...”.

O próprio Ministro-Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ilmar Galvão, num lance que igualou o Brasil a qualquer republiqueta, teve a ousadia até de encampar a tese, publicamente, “de que era necessário eleger um Presidente preparado para enfrentar a crise...”. No caso, FHC: só havia ele! Assim, pregava a mídia oficialista-paulista (Estadão, Folha,Veja, ancorando a Rede Globo de Televisão). As provas temos ai, e a memória não se esgotou...

É claro que Galvão não foi dado por suspeito, nem foi afastado da Presidência do TSE, até prestou relevantes serviços à candidatura de FHC (1998). Aliás, a suspeição do Presidente da mais alta Corte Eleitoral do País (TSE), também, não se iria verificar, em 2002, quando a nata da advocacia brasileira a argüiu contra o novo Presidente, Ministro Nelson Jobim, que residia e dividia namoradas com seu colega de Ministério de FHC, Senador José Serra (PSDB), num apartamento funcional.

O próprio Jobim teve a cara-de-pau de negar (jamais deveria ser ele próprio o julgador do pedido) a suspeição argüida...

A verdade é que, por pressões do próprio Presidente dos EUA, Bill Clinton, o Fundo Monetário Internacional acabou emprestando US$ 40 bilhões imediatos ao Brasil, que permitiram ao Governo (FHC) gigolar o País por mais quatro anos...

Afinal, a reeleição, com todas as suas impurezas e vícios, fora montada em causa própria por FHC, em benefício próprio, no mesmo exercício eleitoral (1997-1998), com o recrutamento de votos pelo próprio Presidente da Câmara dos Deputados, Luís Eduardo Magalhães (PFL na época), levados à “operação” pelo Ministro das Comunicações, Serjão Mota (PSDB)... A nação teve a dimensão das “comunicações” praticadas por Serjão Mota, caixa de campanha das campanhas de FHC. Para muitos, o próprio “PC de FHC”!

Verdade seja dita: nem o Presidente Fernando Collor (PRN), em todo o seu desvario, teve a ousadia de nomear PC Farias Ministro de Estado! FHC peitou a ética, como de seu estilo, nomeando Serjão Mota, o “trator”! Só que no episódio da compra de votos parlamentares pelo grupo de FHC, para aprovação da reeleição, “o trator atolou”, como disse um jornalista de Brasília (Leonel Rocha?).

Bem, reeleito FHC, o Brasil implodiu: faliu de novo, naquela sexta-feira trágica de 29 de janeiro de 1999.

Enquanto isso, silencioso, beneficiário de todo o processo, tomava posse no Governo de Pernambuco o trânsfuga, hoje Senador Jarbas Vasconcelos, pela aliança PSDB (de Serjão Mota) e PFL (de Luís Eduardo Magalhães), com o candidato a Vice Mendonça Filho (PFL), não por acaso autor na Câmara dos Deputados da imoral Emenda da reeleição...

Nada a comentar, leitor!

Só recordar que, como “autêntico” do MDB, Jarbas Vasconcelos acabou se assemelhando ao colega, também “autêntico” (mesma época), Jader Barbalho (PMDB-PA)!
“Autênticos” em o quê? Que o leitor reflita...

terça-feira, 3 de março de 2009

Suicídio tucano

Para os estrategistas do Partido dos Trabalhadores (PT), a chapa Pessuti (PMDB-PR)-Gleisi (PT-PR), com Lula, Dilma Rousseff (candidata a Presidente), Sarney, Michel Temer (o vice de Dilma) e todo o PMDB no palanque, estancariam a onda tucana dominante no Paraná, sobretudo Lernista (“ganharemos com Álvaro, Beto ou Osmar...”), que começa a ficar aparentemente incontida.

Seria para o ex-Ministro José Dirceu como que “a evaporação de todo o gás adversário, mesmo sob as mais sutis manobras...”.

A chapa Pessutti e Gleisi no Paraná

Reviravolta na sucessão paranaense. O partido dos Trabalhadores, aliado no Governo Requião – sempre a partir do segundo turno, nas eleições de 2002 (Padre Roque, candidato próprio no 1º turno) e 2006 (Flávio Arns, candidato próprio no 1º turno) – está, agora, disposto à aliança já no primeiro turno, objetivando dar palanque à chapa nacional da aliança PT-PMDB – Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB).

Galho de Arruda

Em Brasília, num primeiro momento, Joaquim Roriz (PMDB-DF) apresenta sua candidatura ao Governo do Distrito Federal. Mas, pode se candidatar ao Senado, em “dobradinha” com Cristóvão Buarque (PDT), candidato à reeleição. Neste caso, o candidato da frente oposicionista seria o ex-Ministro dos Esportes, Agnello Queiroz (agora PT).

O Senador Gin Argello (PTB-DF) também participa do projeto, com candidatura ao Governo do Distrito Federal, por conta de garantir a realização de um segundo turno, e reforçar – no primeiro – o palanque da candidata da aliança PT-PMDB-PTB, Dilma Rousseff (PT). No escritório do advogado Luís Carlos Alcoforado estão sendo tramadas as várias hipóteses para impedir à reeleição do Governador José Roberto Arruda (DEM-DF), que não admite conversas para ser o vice do candidato presidencial das arruinadas oposições (PSDB-PPS-PV-DEM), José Serra (PSDB-SP).

domingo, 1 de março de 2009

A memória Kennedy (Camelot)

As manobras de Sam Giancana, os complôs do Johnny Rosselli e as idiotices da CIA não surtiram efeito: Fidel Castro continua vivo, bem vivo. Allen Dulles, o chefão da CIA preparava a invasão de Cuba há meses. Em 17 de abril, as tropas de cubanos expatriados se lançaram à conquista da ilha: 1.400 homens desembarcaram em uma praia à beira de um pântano, na Baía dos Porcos, no litoral sul. Os conselheiros de Kennedy haviam assegurado que uma revolta popular, evidente, derrubaria o regime. Generais americanos, que incentivaram o Presidente na direção do confronto, estavam prontos para o envio de aviões, navios, mísseis, tanques, tudo o que se queria. Eles estavam querendo uma boa guerra. E iriam conseguir, mas não ali.

Kennedy assistiu (e levou a culpa pelo, sic) ao fiasco: 114 homens morreram, 1.200 foram capturados. E a revolta popular? Ela aconteceu, mas contra os ianques. Castro fez (sic) um discurso de quatro horas – algo como um trailer de filme, para ele – e manda um aviso ao capitalismo decadente. Enquanto isso, JFK estava muito mal: teve uma crise venérea, recebeu 600 mil unidades de penicilina injetável. O caso cubano termina num clima de terrível amargura: o Presidente dos Estados Unidos tem a impressão de lhe terem forçado a ação, de haver herdado um conflito que não era seu, e manda cancelar o apoio aéreo. Consegue, com isso, o ódio dos militares, o ódio dos cubanos de Miami, o ódio da direita americana, o ódio de Castro e o ódio da CIA. JFK foi à televisão: “Sou o único responsável!” afirmou e recuperou o apoio popular, medido por sondagens de opinião. Porém, no âmbito particular dizia o contrário: “os responsáveis são outros”.

Foi uma sacanagem. JFK assumiu em 20 de janeiro de 1961. Em 17 de abril, a operação, várias vezes abortada, já era, havia muito tempo, conhecida por Castro. E locais, a hora, a data do ataque, e etc. Talvez até a marca das botinas... Era a operação menos secreta do mundo...

Kennedy se redimira no ano seguinte (1962), quando impôs o tal “bloqueio”, que obrigou os russos a desmontarem várias plataformas lançadoras de foquetes, por eles montadas em Cuba... Confesso que também participamos do alívio que foi ver, pelo Reportes Esso (quanta ironia!) os cargueiros soviéticos se afastarem das águas territoriais cubanas, foco de bloqueio da armada norte-americana...

Robert Kennedy assumiu o comando das coisas. O irmão, louco de raiva por ter sido manipulado pelos militares e pelos espiões, prometeu “espalhar a CIA pelos quatro cantos!”. Por outro lado, o romance de Jack (John Kennedy) com Madame Nhu, cunhada do ditador DIEM, do Vietnam do Sul, fê-lo transigir com aquele governo moribundo, e aumentar os efetivos norte-americanos no País.

Seu sucessor, Lyndon Johnson, enterraria, de vez, a imagem de aliado, como os EEUU haviam chegado ao sudeste asiático, na esperança de não repetirem a condenação aos franceses pelo domínio da Indochina. De onde acabaram expulsos pela forças do mesmo general Giap, que expulsou franceses.

A guerra do Vietnam levou o Partido Democrata a repudiar Johnson, porque tinha as melhores alternativas - dos Senadores Robert Kennedy e Eugene Mac Carty, Kennedy acabou sendo assassinado por Shiran Bichara Shiran, um árabe que cumpriu o papel de confundir as investigações... A máfia mandou matar Bob Kennedy, antes que o tivesse que matar, como fez com o irmão: John, que já era Presidente. Evitou liquidar um segundo Presidente: seria demais! Provavelmente acabaria destruída pela ousadia. Não quis exagerar cometendo tal descuido! Então, um árabe cometeu o delito, nascido do fanatismo religioso.

E Richard Nixon, seu aliado, que estava fora do processo (Nelson Rockfeller já era o candidato republicano à Presidência), acabou atropelando na Convenção Republicana de Miami (1968), tornando-se candidato e esmagando Humfrey, o Vice de Lyndon Johnson, que não se atreveu a disputar à reeleição. Dias antes, em sua magnífica vivenda em Key Biscaine, Nixon jurou-me em O Cruzeiro (abril de 1968):

- “Não sou candidato. Não posso perder outra eleição para John Kennedy e, agora, seu cadáver...”Era como considerava a candidatura do irmão, Bob Kennedy, sobre cujo próprio cadáver acabou concorrendo e ganhando a eleição! Era o imponderável!

Matéria adaptada do livro "Marilyn e JFK", Editora Objetiva, 2009