quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Melhores Dias virão

- “Requião é carta fora do baralho!... Acabou!”.

A declaração infeliz do Senador Osmar Dias (PDT-PR), ele próprio um vacilante pré-candidato ao Governo do Paraná (mas, por segurança, também, ainda pré-candidato à reeleição ao Senado, onde conclui seu segundo mandato), é desmentida pelos altíssimos índices de aprovação popular registrados pelo Governador do Paraná (62% - Datafolha). Ainda que surpreendentes!

Requião, polêmico como é, conserva a exclusividade de ser o único candidato majoritário (Senado?), ainda, propagador de idéias, mantendo certa linha de coerência. A cena política do Paraná nas duas últimas eleições governamentais (2002 e 2006) revelou as candidaturas dos chamados irmãos Dias (Álvaro e Osmar), oscilantes parlamentares no espectro ideológico da cena política nacional (ora sociais-democratas, ora trabalhistas!), como herdeiros e catalisadores do voto conservador (e apoios ainda maiores), pelas suas linhas conservadoras de atuação parlamentar (os dois fizeram parte da base de sustentação do Governo FHC).

O próprio Osmar, que até o ano passado alinhava-se entre opositores do Governo Lula, agora, quando se colocam as posições para a competição do ano vindouro (2010), deixa-se cooptar pelo Presidente, aspirando representar o espectro situacionista (numa frente composta até pelo PT), enquanto seu irmão se mantém na vice-liderança da oposição (PSDB). Estamos diante de uma nova e mais moderna versão do “lernismo”.

Resta saber com quem marcharão as forças reacionárias, como o que inspirou os governos neoliberais que geriram o Paraná (mais especificamente, à frente da Prefeitura de Curitiba), na era Lerner-Tanigushi. Com quem votarão (e financiarão) forças econômicas alavancadas pelos Bancos Icatú, Itaú e Unibanco? E as multinacionais dos transgênicos, como Bünge, Cargil e Monsanto? E multinacionais como a Vivendi, a Chrysler e outras? Além das forças reacionárias ligadas ao agronegócio?

Como votaram, ainda, nas privatizações os irmãos Senadores Álvaro (PSDB) e Osmar Dias (então PSDB, hoje PDT)? Como se comportaram no caso mais escabroso do capítulo das privatizações-doações, mormente, no caso da Companhia VALE do Rio Doce (avaliada em cerca de US$ 400 milhões – sob as naturais dificuldades de avaliação do bilionário subsolo brasileiro), vendida R$ 3 bilhões (dinheiro do BNDES, com carência, 6% de juros ao ano mais TJLP, sem garantias reais – já que a própria VALE foi dada como garantia para o endividamento...)? O pior é que os adquirentes, antes mesmo de qualquer pagamento aquisitório, encontraram no caixa líquido R$ 750 milhões. A VALE acabou sendo vendida (com recursos do próprio vendedor, através do BNDES) por verdadeiros R$ 2,25 bilhões ao invés dos R$ 3 bilhões...

Ora, a CEDAE (Companhia de Águas do Rio) esteve cotada para venda por R$ 6 bilhões! E a própria COPEL andou por estes valores! Ora, a VALE (só através de sua potência mineral de Carajás – avaliada, hoje, em R$ 50 bilhões) é dez vezes maior patrimonialmente de que toda a Usina de Itaipu (binacional).

As posições do Governador Requião (único apoiador da candidatura presidencial de Lula, tanto em 1989, quando 2002, 2006 e 1994 e 1998, quando nenhum dos Senadores paranaenses o acompanhou) tem sido no sentido de sutil afastamento do Partido dos Trabalhadores e do Presidente Lula. Afinal, o PT teve candidatos próprios ao Governo do Estado em 2002 (Padre Roque) e 2006 (Flávio Arns).

O problema é que, em função do abandono pelo PT, o Governador Requião, em 2006, chegou a ter como candidato a Vice-Governador Hermas Brandão (PSDB), que, até hoje, lidera a corrente dissidente do partido, apenas impedido por decisão da Justiça Eleitoral.

Mas, não reside nisto a complexidade do espectro político paranaense.

O fim da gestão do Governador Requião revela a quase inevitabilidade de o próximo Governo (Álvaro Dias, Beto Richa ou Osmar Dias) ser um governo de linha neoliberal continuísta às gestões de Jaime Lerner, que ajudaram a dizimar o patrimônio estratégico do Estado do Paraná. Não por acaso, o mais provável candidato do PMDB, o futuro Governador, Orlando Pessuti, alinhar-se-á muito próximo a tal corrente de pensamento...

Nem o PT (seja com o Ministro Paulo Bernardo ou o Senador Flavio Arns) formou quadro político apto a enfrentar tal corrente conservadora... Quando muito, o PT apresentará a candidatura da advogada Gleisi Hoffmann, solitária presença progressista, num partido encantado com as benesses das tradicionais forças reacionárias rurais, do agronegócio e industriais, dos cartéis privacionistas. Pobre Paraná!

A provável candidatura do atual Governador Requião à Câmara dos Deputados – com o objetivo de aumentar o número de sua bancada – é outra infeliz garantia da ausência do contraditório na campanha eleitoral paranaense.

Estará excluída a universalidade dos debates... Que se transformarão em meramente fisiológicos! As obras do PAC terão destaque, como única pauta da campanha! Vão disputar sua operacionalidade, “operadores” com o Prefeito Beto Richa (PSDB) e a provável candidata do PT, Gleisi Hoffmann, que dará palanque à candidata do seu partido à Presidência da República, a hoje Ministra Dilma Rousseff.

Requião não está morto, como comemoram alguns apressados. Repetirá eleições para a Câmara dos Deputados, como as do Governador (de SP) Jânio Quadros em 1958. E do Governador (do rio Grande do Sul) Leonel Brizola (no Rio – então Estado da Guanabara) em 1962, quando um em cada três eleitores cariocas sufragou-o como Deputado Federal até hoje (proporcionalmente) mais votado do Brasil (264 mil votos num eleitorado de menos de 800 mil).

Com votação destacada, Requião já está lançado pré-candidato à Prefeitura de Curitiba em 2012, também, repetindo o ex-Presidente Jânio Quadros, que em 1985 se elegeu Prefeito de São Paulo (pela segunda vez – 1950 e 1985), encerrando sua vida pública... O futuro Prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), que se prepare!

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